Notícias

Recrutadores estão trocando dinâmicas em grupo por análise nas redes sociais feitas por algoritmos

Checar o perfil da rede social de candidatos pelos profissionais de recrutamento não é algo novo, a novidade é que máquinas agora fazem este trabalho. Dinâmicas de grupo e entrevistas estão sendo trocadas por algoritmos que analisam até as curtidas em redes, segundo reportagem do Jornal Folha de S.Paulo.

“Tem pessoas que postam durante o trabalho, tem as que postam depois do expediente. Se a empresa constatar que alguém que supostamente está trabalhando das 8 às 12h postou muitas coisas não relacionadas ao trabalho no período de um ano, vai saber que a pessoa não está fazendo o serviço direito,” ressalta Seiji Isotani, professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP São Carlos.

Os resultados da pesquisa online são comparados com pesquisas internas da empresa para escolha do candidato, mas segundo o vice-diretor da ‘Lugar de Gente’, especializada em seleção e RH, Felipe Azevedo, nem sempre os resultados da análise de redes sociais garantem o acerto necessário.

“Assim que surgiu o recrutamento em redes sociais, virou a onda do momento. Um monte de startups dizia que tinha um algoritmo maravilhoso. O desafio é criar um fator qualitativo para dizer se aquilo é válido ou não,” afirma.

Segundo o professor do Uniceub (Centro Universitário de Brasília), Paulo Rená, é necessário dar às pessoas a possibilidade de interferir no modo como são vistas na rede. “As pessoas têm uma postura em casa, outra no trabalho. Você cria essas personas e isso não é diferente no meio digital”, defende ele, que é membro do Instituto Beta, ONG que busca democratizar os meios tecnológicos.

Francisco Brito Cruz, diretor do InternetLab, serviço de pesquisa em direitos e tecnologia, diz que o consentimento é a regra de ouro. “Há diferentes expectativas de privacidade de usuários, variam de plataforma para plataforma. Precisa estar expresso o consentimento.”

Até 2020 a lei federal 13.709, baseada na lei europeia de proteção de dados, deve entrar em vigor segundo ele, até lá não existe regra que garanta proteção adequada. “Não é que eu recomende que as pessoas não postem nada. Se o recrutador não é o tipo de pessoa que ela acha que deveria ler aquilo, então ela não deve tornar público,” alerta. 

*Com informações do Jornal Folha de S.Paulo