O alto índice de feminicídios cometidos no Brasil em 2017 – 1,1 a cada 100 mil mulheres – dá um sinal de alerta para a cultura da violência contra mulheres. A avaliação é feita pela deputada Yeda Crusius (RS) ao analisar reportagem da Agência Brasil sobre o alarmante número. A cada 10 feminicídios registrados na América Latina e Caribe, 4 ocorreram no Brasil. “São dados chocantes”, afirmou.
De acordo com estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), ao menos 2.795 mulheres foram assassinadas na região, no ano passado, em razão de sua identidade de gênero. Desse total, 1.133 foram registrados no Brasil. Ainda segundo o estudo, o Brasil fica empatado com a Argentina e Costa Rica.
Na avaliação da deputada, a cultura machista é notadamente forte nestes países. “O Brasil não é tão diferente do restante da América Latina e não há dúvida de que este país vive numa cultura de violência – no sistema jurídico, educacional -, e a violência recai sobre a mulher”, afirmou.
Para ela, esta cultura se reproduz dentro da família, por isso é tão difícil mudar os números. Yeda Crusius destaca políticas públicas e mudanças na legislação que estão sendo adotadas – desde a tipificação de feminicídio ao agravamento no tempo da pena. “Até pouco tempo atrás, a pena para o homem que atentasse contra a vida de uma mulher era menor até do que direção perigosa”, criticou.
Segundo a deputada, é por isso que tantas políticas públicas e mudanças na legislação estão sendo feitas. O problema também coloca nas mãos das autoridades o desafio de mudar mentes e reverter a cultura de violência.
O levantamento também ranqueia os países a partir de um cálculo de proporção. Nessa perspectiva, quem lidera a lista é El Salvador, que apresenta uma taxa de 10,2 ocorrências a cada 100 mil mulheres, destacada pela Cepal como “sem paralelo” na comparação com o índice dos demais países da região.
Em seguida aparecem Honduras (5,8), Guatemala (2,6) e República Dominicana (2,2) e, nas últimas posições, Panamá (0,9), Venezuela (0,8), e Peru (0,7). Colômbia (0,6) e Chile (0,5) também apresentam índices baixos, mas têm uma peculiaridade: só contabilizam os casos de feminicídio perpetrados por parceiros ou ex-parceiros das vítimas, chamado de feminicídio íntimo.
*Do PSDB na Câmara com informações da Agência Brasil