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Tradutora do ‘De duas, uma’ é a única mulher indicada ao Prêmio Jabuti de Tradução

Foto: EBC

Livia Deorsola é a única mulher a concorrer a categoria tradução do Prêmio Jabuti, por revelar os difíceis enigmas do romance “De duas, uma” do mexicano Daniel Sada. “Fiquei feliz e espantada com a indicação. Uma amiga destacou que eu era a única mulher indicada este ano, não tinha me atentado. É uma pena não ter mais mulheres. O mundo editorial, aliás, é extremamente feminino, do início ao fim da produção de livros, ” disse Livia ao Jornal O GLOBO.

Entre os 57 tradutores premiados pelo Jabuti desde 2000, somente 10 foram mulheres. Livia está concorrendo com 14 homens. Alguns traduziram obras de línguas exóticas e até nem mais usadas, como acádio, latim, islandês, grego. Os últimos premiados pelo Jabuti foram tradutores de idiomas esdrúxulos ou versões novas de clássicos, como “Guerra e paz” e “Ulysses”.

A última vez que a língua traduzida por Livia, o espanhol, ganhou o prêmio foi em 2004, quando Sergio Molina traduziu “Dom Quixote”. Existe a ideia de que traduzir a língua espanhola seja mais fácil. Daniel Sada, especialmente, que ajudou a renovar o espanhol como língua literária, quebra esse conceito. Ele mistura arcaísmos, neologismos e expressões intrínsecas do deserto de Coahuila.

“Fiz uma lista de termos e expressões cujo significado não consegui descobrir na internet e em dicionários especializados. Entrei em pânico quando vi que nem mexicanos conheciam algumas daquelas expressões, ” contou Livia, que considera a mistura de “literatura barroca com tragicomédia” o traço mais marcante de Sada e também o mais difícil de traduzir.

“Não existe equivalência em tradução. O que existe é correspondência. Uma tradução nunca mimetiza com perfeição a língua original, será sempre uma tentativa de interpretação. Aí está a graça de traduzir, ” destacou Livia.

*Com informações do Jornal O GLOBO