Os principais analistas políticos concluíram que as eleições deste ano tiveram o efeito de um tsunami sobre a política tradicional. Não há como negar esse fato.
Por um lado, assistimos o avanço de uma onda conservadora puxada pelo candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, estimulada em grande parte pela aversão de parte do eleitorado aos escândalos de corrupção que se multiplicaram especialmente durante os 13 anos de gestão petista.
Do outro, percebemos a resistência da esquerda brasileira em fazer seu ‘mea culpa’, se valendo da popularidade de programas sociais que foram lançados concomitantemente a ações nada republicanas, desvendadas pela Lava Jato.
Mesmo dividido, o eleitorado conseguiu dar seu recado. Não está mais disposto a aceitar determinados tipos de conduta, venham eles de representantes da ala conservadora ou de esquerda.
A despeito de as regras eleitorais definidas para o pleito deste ano terem sido elaboradas estrategicamente para favorecer o chamado ‘status quo’, a ânsia do eleitor por mudança e renovação falou mais alto.
Nesta esteira, nós, mulheres, avançamos na nossa luta para garantir mais espaço e protagonismo na política brasileira. Mas ainda temos um longo caminho pela frente para garantir igualdade neste universo ainda extremamente masculino.
A decisão do Judiciário de garantir às candidaturas femininas 30% dos recursos do Fundo Eleitoral ajudou. E muito, por mais que esperássemos um crescimento ainda maior das bancadas femininas.
Na Câmara dos Deputados foi registrado um aumento de 51% no número de candidatas eleitas em relação à eleição de 2014. A partir da próxima legislatura seremos 77 mulheres num universo de 513 deputados.
No PSDB, o crescimento chegou a 60%, se levarmos em conta que em 2014 elegemos apenas cinco deputadas, enquanto este ano oito tucanas foram eleitas.
Já o número de deputadas estaduais eleitas no país cresceu 35%. Um crescimento parecido com o que garantimos dentro do PSDB, com a eleição de 16 representantes para as Assembleias Legislativas.
Já o número de senadoras eleitas se manteve inalterado, se levado em conta o resultado da eleição para o Senado de 2010, última eleição na qual 2/3 da Casa foram renovados.
Mas nós tucanas, que não tínhamos nenhuma representante no Senado, temos muito a comemorar, pois elegemos Mara Gabrilli por São Paulo!
O avanço das mulheres na política é um caminho sem volta. Vencemos mais uma batalha, mas a guerra pela igualdade de gênero na política ainda não foi vencida.
Nossa luta continuará!
*Adriana Vilela Toledo é presidente do PSDB-Mulher de Alagoas, coordenadora da Região Nordeste, graduada em Pedagogia e especialista em Administração Pública e Pedagogia Empresarial.