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Representantes da Diversidade Tucana, Safira Bengell e Cris de Madri querem fazer a diferença no Nordeste

Nas eleições desse ano, o número de candidatos trans é dez vezes maior do que o da disputa eleitoral de 2014. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), esse tipo de candidatura pulou de cinco para 53. O PSDB entrou nesta estatística com duas candidatas: a transformista Safira Bengell, do Piauí, e a travesti Cris de Madri, de Alagoas. Ambas disputam uma vaga de deputada estadual e têm como meta melhorar a vida dos cidadãos nordestinos, garantindo mais representatividade a homens e mulheres trans na política.

Safira Bengell faz parte do comitê técnico LGBT do Ministério da Cultura e tem extenso caminho na defesa dos Direitos Humanos. Uma de suas bandeiras é priorizar a arte e a cultura como meio de inclusão e criar políticas públicas de conscientização da sociedade. Ela foi a primeira trans brasileira a adquirir o direito de ter o nome feminino nos seus documentos e a primeira a conseguir a mudança, independentemente de cirurgia de transgenitalização.

“Eu abri precedente para que hoje todas as travestis e transexuais brasileiras pudessem ir ao cartório retificar o nome. O respeito ao nome social é muito importante para autoestima e para o conceito de cidadania da pessoa trans”, destaca. Sofia também já recebeu medalha do Mérito Renascença, maior honraria do Piauí entregue a pessoas que prestaram serviços importantes ao estado.

Cris de Madri preside o Conselho Estadual de Alagoas sobre Direitos Humanos e LGBT. Ela quer lutar pela saúde e moradia dos alagoanos. “Eu pretendo defender as bandeiras do povo. Não pretendo defender apenas as questões ligadas ao segmento LGBT. Sou trans, negra e tenho consciência das necessidades das minorias”, afirma.

Ela também quer estimular a contratação de funcionários transgêneros e acredita que sua candidatura é um incentivo para outras mulheres também estarem na política. “Quando decidi me candidatar, enfrentei muitas barreiras. Os próprios amigos tentaram me convencer a não concorrer. Se eu não ganhar pelo menos eu tentei. Eu estou na luta e pretendo vencer para mudar a realidade que o público LGBT vive hoje”, destaca.

O percentual mínimo de 30% do Fundo Eleitoral destinado a candidaturas femininas beneficiará também as candidatas LGBT que se declarem mulheres. “Fico muito feliz de poder estar incluída nas cotas para mulheres e acho que não estamos vindo para competir com elas e sim para agregar. Estamos em uma era em que a transfobia e o preconceito não cabem mais em nenhum setor da sociedade”, ressalta Cris.

Reportagem produzida pela estagiária Karine Santos sob supervisão