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“O limite das pessoas com deficiência está na cabeça do gestor de RH”, diz Mara Gabrilli

Foto: Divulgação

A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho ainda é um dos principais desafios a serem cumpridos pelas empresas brasileiras. Muitas vezes, o simples preconceito gera dificuldades para a inserção. Apesar da importância e da obrigatoriedade por lei, promulgada pela legislação que garante a contratação de pessoas com deficiência, a inclusão desses trabalhadores no mercado de trabalho formal ainda é pequena.

Dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017 mostram que apenas 403 mil das mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil está empregada. O índice corresponde a menos de 1% do total. Em empresas com mais de 100 funcionários, a Lei de Cotas obriga o preenchimento de 2% a 5% das vagas do quadro de funcionários com reabilitados ou com deficientes físicos ou mentais.

Relatora da Lei Brasileira de Inclusão, sancionada em agosto de 2015, a deputada Mara Gabrilli (SP) destacou que as pessoas com espaço no mercado de trabalho conseguem mostrar sua capacidade, superando as desconfianças existentes antes mesmo da contratação por parte das empresas. Mesmo assim, muitos empregadores ainda se mantêm reticentes e relutam em dar oportunidades de trabalho pensando apenas na função social.

“As empresas ficam naquela ‘eles não existem, nós não achamos’. O limite das pessoas com deficiência está na cabeça do gestor de RH. Muitas vezes, ele prima pelo bom funcionamento da empresa, fica preocupado e acaba escolhendo um sem. Nós estamos em um outro momento e vale a pena investir na diversidade”, ressaltou a deputada tucana, que preside a Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência na Câmara dos Deputados.

A parlamentar ressaltou os benefícios trazidos por funcionários com algum tipo de deficiência e utilizou os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) para garantir: as empresas que contratam o número estabelecido pela Lei de Cotas enxergam os benefícios sociais e continuam a investir nesses funcionários após verem suas qualidades.

“Isso tem uma razão: essas pessoas têm muitos obstáculos para enfrentar. Assim elas acabam tendo uma abordagem guerreira e diferente da vida. São funcionários que as empresas gostam muito de ter. São determinados, disciplinados, sempre se superam e isso tem sido muito importante também no desempenho de todos os outros funcionários”, detalhou.

Para facilitar o processo, a deputada Mara Gabrilli destacou o trabalho realizado na Câmara dos Deputados com a criação de políticas públicas favoráveis à inclusão das pessoas com deficiências físicas nos mais diversos setores da sociedade. “Essa comissão vem fazendo audiências públicas de diversos temas: doenças raras, mobilidade, índice de funcionalidade das pessoas. Muitos temas não viriam à tona se não fosse a existência desse trabalho”, analisou.

Reportagem Danilo Queiroz