O chocante assassinato da advogada Tatiane Spitzner, ocorrido no último dia 22 de julho em Guarapuava no Paraná, acabou expondo a cumplicidade que ainda persiste na sociedade brasileira diante de casos de violência contra a mulher. O crime foi registrado em detalhes por diferentes câmeras de segurança instaladas no prédio em que a vítima morava com o marido e assassino, o professor Luis Felipe Manvalier.
As imagens são chocantes e não deixam dúvidas do feminicídio. As agressões contra a advogada começaram a ser registradas quando ela ainda estava dentro do carro com o marido, na rua em frente ao prédio em que morava. Os ataques covardes continuaram na garagem, seguiram pelo elevador e continuaram dentro de casa. Antes de ser jogada do quarto andar, a vítima ainda gritou em vão por socorro.
Ninguém foi capaz de intervir ou ajudar Tatiane Spitzner. O porteiro que tinha acesso às câmeras do prédio, elevador e poderia ter acionado o síndico, os vizinhos que a ouviram gritar por socorro ou mesmo os amigos que sabiam que a vítima vinha sendo molestada pelo marido.
Neste início de Agosto Lilás, que marca o enfrentamento da violência contra a mulher, não podemos deixar passar em branco mais um crime de feminicidío explícito, que chocou todo o país.
Às vésperas do início da campanha eleitoral deste ano, que definirá o destino da Nação pelos próximos quatro anos, é nosso papel refletir e analisar a postura dos candidatos, em especial daqueles que almejam chegar a Presidência da República.
Vale pesquisar, investigar a postura de cada um deles sobre as bandeiras femininas e sua posição sobre o crime de feminicídio.
Outro dia, fiquei supresa ao ouvir de um deles que a lei que define o crime de ódio baseado no gênero não passa de ‘mimimi’ e que, por ele, essa legislação seria revogada.
Há quem acredite que qualquer crime possa ser impedido à bala. Talvez por isso, que esse mesmo candidato diga que as mulheres deveriam preferir uma pistola na bolsa do que a lei do feminicídio no bolso.
A realidade, no entanto, mostra que a violência pode vir de qualquer lugar, até mesmo daqueles onde acreditamos estar seguras, como o próprio lar.
Assim como as armas, as leis, por si só, não resolverão o problema da violência contra a mulher, mas podem sim ajudar a inibir os crimes com o endurecimento das penas. Porém muito mais vidas poderão ser salvas se a sociedade não se omitir diante das agressões como a que assistimos em Guarapuava.
Só no Paraná, há 556 inquéritos que investigam casos de feminicídio desde 2015. No ano passado, foram registrados no estado 32.441 ocorrências de violência contra a mulher: 90 por dia, 16 por minuto. No Brasil, o número de homicídios que tiveram mulheres como vítimas chegou a 4.473.
Precisamos mudar essa triste realidade! Pense nisso na hora de votar.
Adriana Vilela Toledo é presidente do PSDB-Mulher de Alagoas, graduada em Pedagogia e especialista em Administração Pública e Pedagogia Empresarial.