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“Educação é solução contra entrada de crianças no tráfico de drogas”, alerta tucana

A vice-presidente do PSDB-Mulher do Rio, Bianca Sampaio, analisou os dados da pesquisa feita pelo Observatório de Favelas, organização da sociedade civil que fica no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, que revelou o aumento de 50% do número de crianças entre 10 e 12 anos que entram na rede do tráfico de drogas.

Segundo a pesquisa, em 2006, a faixa etária correspondia a 6,5% do total de jovens inseridos no tráfico. No ano passado, a participação deles subiu para 13%.  A faixa etária de 13 a 15 anos concentra o maior número de jovens inseridos no comércio ilegal de drogas, 54,4% dos entrevistados.

Para a tucana, o aumento da participação de crianças no crime tem relação direta com a evasão escolar. A crise financeira, a falta de perspectivas para o futuro e a ausência de informações sobre as consequências da vida criminosa foram apontadas por ela como as principais razões do envolvimento de jovens na venda de drogas.

“É lamentável o Rio estar passando por uma situação dessas. Isso acaba atingindo diretamente o futuro do nosso país e do nosso estado por envolver crianças e adolescentes. Se a educação não for priorizada pelos governos, infelizmente esse quadro não vai mudar. Investimento na escola e em cursos profissionalizantes é a saída para essa questão”, opinou.

A pesquisa mostra ainda que a maior parte dos entrevistados parou de estudar aos 15 ou 16 anos. Como justificativa para o abandono da escola, 40,4% afirmaram que foi para ganhar dinheiro para ajudar a família ou ainda para comprar bens de consumo.

Na avaliação de Bianca Sampaio, os cursos profissionalizantes que existem atualmente exigem um nível de escolaridade maior do que a realidade dos jovens das comunidades, o que acaba desestimulando meninos e meninas a optarem por essa modalidade de formação.

De acordo com o levantamento, as últimas séries frequentadas por esses jovens são a 5ª, a 6ª e a 7ª do ensino fundamental.  Parte dos adolescentes, correspondente a 16,1%, até chega ao ensino médio, mas essa escolaridade não se materializa no ingresso no mercado do trabalho.

“É preciso adaptação e a flexibilização desses cursos para que a juventude se interesse em participar. Eu acredito na educação e que ela é a única ferramenta que temos para garantir os direitos dessas crianças e adolescentes”, completou.

A pesquisa, que foi realizada entre maio do ano passado e abril de 2018, ouviu 150 jovens inseridos na rede do tráfico de drogas em favelas do Rio e 111 adolescentes do Departamento Geral de Ações Sócioeducativas (Degase).

Perfil

Jovens do sexo masculino representam a maioria na pesquisa, com 96,2%. Eles se autodenominam negros ou pardos (72%) e, em sua maioria, foram criados apenas pela mãe (50,2%). O último dado se alinha com diversas pesquisas, como a do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 2010, que aponta um aumento de famílias chefiadas por mulheres, passando de 22,2% em 2000 para 37,3% em 2010.

*Com informações de O Globo