O PSDB apostará em duas pré-candidatas do segmento LGBT nas eleições de 2018. Nordestinas, Safira Bengell (PI) e Cris de Madri (AL) disputarão os cargos de deputada estadual. Representando a Diversidade Tucana, ambas pretendem trabalhar para melhorar a vida dos cidadãos e aumentar a representatividade das mulheres e homens ‘trans’ na política.
Primeira transformista brasileira a conseguir o direito de utilizar o nome feminino em seus documentos, Safira Bengell (PI) tem 39 anos de carreira artística e ativismo cultural. Ela foi primeira contemplada com uma ação judicial que garantiu a modificação de registro público independente de cirurgia de transgenitalização. A ação foi promovida pela Defensoria Pública do Estado do Piauí e acatada pelo Tribunal de Justiça do estado, em 2014.
“Eu abri precedente para que hoje todas as travestis e transexuais brasileiras pudessem ir ao cartório retificar o nome. O respeito ao nome social é muito importante para autoestima e para o conceito de cidadania da pessoa ‘trans’”, reiterou.
Convicta sobre a importância da educação no combate à transfobia e ao preconceito, a tucana quer priorizar a arte e a cultura como forma de inclusão. Ela defende políticas públicas de conscientização da sociedade e destaca o potencial do público LGBT em contribuir em diversos setores para o desenvolvimento do país. “É preciso que a sociedade comece a nos dar credibilidade”, acrescentou.
Safira Bengell tem uma longa trajetória na defesa dos Direitos Humanos. Ela é membro do comitê técnico LGBT do Ministério da Cultura, no qual, segundo ela, foi uma das articuladoras para a criação do órgão, além de já ter recebido a medalha do Mérito Renascença, a maior honraria do estado entregue a personalidades que prestaram relevantes serviços à sociedade piauiense.
“Arte, cultura e educação se complementam e são áreas capazes de fazer o Brasil retomar o crescimento. A bandeira que eu vou levantar é a bandeira da dignidade. Quero que a sociedade veja que uma pessoa como eu, que para eles é diferente, pode ser muito positiva para sociedade”, disse.
Mercado de trabalho
Presidente do Conselho Estadual de Alagoas sobre Direitos Humanos e LGBT, Cris de Madri (AL) é travesti e tem como principais bandeiras a saúde e moradia. Segundo a tucana, essas são as principais carências do povo alagoano.
“Eu pretendo defender as bandeiras do povo. Não pretendo defender apenas as questões ligadas ao segmento LGBT. Sou ‘trans’, sou negra e tenho consciência das necessidades das minorias”, disse.
A inserção no mercado de trabalho também é outra área que Cris de Madri pretende investir. Na avaliação dela, a sociedade ainda discrimina profissionais LGBT, que tem dificuldades de adquirir a independência financeira. “É preciso incentivos para que as empresas contratem funcionários trans”, completou.
A tucana acredita que sua candidatura encoraja outras mulheres do segmento a também disputarem um cargo eletivo.
“Quando decidi me candidatar, enfrentei muitas barreiras. Os próprios amigos tentaram me convencer a não concorrer. Se eu não ganhar pelo menos eu tentei. Eu estou na luta e pretendo vencer para mudar a realidade que o público LGBT vive hoje. Vivemos à margem da lei”, protestou.
Cris de Madri quer ir além da pauta LGBT e afirmou que não pretende contar apenas com o segmento para se eleger. “Você sabe que se toda a diversidade abraçar uma candidatura LGBT elege, mas eu não pretendo contar só com votos do segmento. Quero contribuir para a sociedade de forma geral. Eu já tenho 56 anos e a primeira vez que eu me candidatei foi no ano 2000, por outro partido, e tive 498 votos para vereadora”, relembrou.