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Previsão de criação de postos de trabalho cai 80% no país

Brasília (DF) – Em meio ao ambiente de incerteza econômica vivido pelo país, o ritmo de contratações com carteira assinada tem mostrado forte desaceleração nos últimos três meses. No início de 2018, o ritmo de geração de vagas no mercado formal de trabalho era compatível com algo perto de 750 mil novos postos neste ano. No entanto, desde março, a desaceleração tem sido tão brusca que, mantido o ritmo, o mercado de trabalho pode fechar 2018 com um saldo líquido de apenas 220 mil vagas com carteira. As informações são do jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira (17).

O número, considerado “pífio” por economistas, representa apenas cerca de 20% do 1 milhão de novos postos previstos para esse ano ao final de 2017. Os dados são de levantamento feito pela LCA Consultores com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Para a vereadora e coordenadora do PSDB-Mulher na Região Centro-Oeste, Cristina Lopes Afonso (GO), o cenário é desanimador, preocupante e deve impactar diretamente nas eleições de outubro.

“É triste que essa expectativa de aumento tenha se frustrado. É um fator que impacta diretamente nas eleições, especialmente com o crescimento dos votos nulos, brancos e abstenções. É uma taxa que preocupa e contraria tudo que se espera do poder público, que é justamente investimento em geração de emprego. A reação da população vai aparecer nas eleições”, afirmou.

Na avaliação da tucana, a queda afeta a vida do trabalhador brasileiro e suas famílias. “Não se pode prever o que vai acontecer, mas torcemos para que, após as eleições, esse cenário melhore e o governo possa voltar a oferecer empregos para os cidadãos”, disse.

Segundo a reportagem, excluindo as flutuações típicas de cada mês, a criação de vagas com carteira assinada se mostra ainda mais lenta em meio ao ambiente de recuperação lenta. Como foram perdidos 3 milhões de postos formais durante a crise, mantido o ritmo atual, o mercado de trabalho levaria nada menos do que 10 anos para se recompor.

Para fazer este tipo de previsão, os especialistas em mercado de trabalho não usam os dados brutos do Caged, mas aplicam um ajuste estatístico (conhecido como dado dessazonalizado). O ajuste exclui as flutuações que refletem as particularidades de cada mês e permite a comparação entre períodos.

Em dezembro de 2017, as previsões de crescimento econômico indicavam alta de 2,7% em 2018, chegando, em março, a atingir quase 3%, segundo acompanhamento semanal do Banco Central. De lá para cá, as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) vêm caindo e hoje não passam de 1,5%, com reflexos óbvios sobre expectativas para o mercado de trabalho.