Mais de 3 milhões de brasileiros deixaram de pagar plano de saúde nos últimos três anos, devido à crise econômica do país. A grande maioria destas pessoas contava com o seguro saúde oferecido pela empresa em que trabalhavam. Demitidas, perderam as condições de contratar um plano individual de saúde, que pesa mais no bolso que os planos coletivos. Com a autorização pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) do reajuste em até 10% dos planos de saúde individuais e familiares, esse número de pessoas que estão deixando os planos privados pode aumentar. É simplesmente o triplo da atual inflação corrente no país. Para o trabalhador, com ou sem ajuda do empregador, está cada vez mais difícil bancar este custo crescente das mensalidades. A deputada federal e economista Yeda Crusius (PSDB/RS) destaca que a situação é ainda pior para os brasileiros desempregados.
“Somados todos os fatores que levam a ser negativo esse aumento está, em primeiro lugar, a continuidade do alto nível do desemprego. Os desempregados não podem pagar plano de saúde. Este aumento é extremamente prejudicial e o parlamento vai reagir! O Congresso Nacional precisa discutir a razão pela qual esse aumento foi concedido e as consequências. É muito alto esse valor enquanto a nossa inflação está a 3%.”, argumentou a ex-governadora do Rio Grande do Sul.
A deputada federal ainda fez um alerta sobre o aumento da demanda na rede pública de saúde. Hoje, apenas 47,1 milhões de pessoas tem um plano de saúde. Os outros 160 milhões de brasileiros recorrem ao serviço público. Para Yeda, o SUS corre o risco de entrar em colapso caso não ocorra uma ação do governo contra esta política de reajuste dos planos privados.
“Além do aumento excessivo e recorrente, vai haver uma pressão ainda maior sobre o SUS. O governo (federal) já conta com o orçamento limitado. A situação dos hospitais tende a piorar. Precisamos de uma resposta do governo (federal) quanto a isso.”, cobrou Yeda Crusius.
Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha, na semana passada, feita a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM), mostra a insatisfação dos brasileiros: 54% avaliam o atendimento público como ruim ou péssimo, 28% como regular e somente 17% como ótimo ou bom.
A pedido do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a Justiça chegou a limitar o reajuste em 5,72%, percentual equivalente à inflação para o segmento de saúde e cuidados pessoais acumulada em 12 meses até maio, medida pelo IPCA. No entanto, a liminar foi derrubada 10 dias depois, autorizando o percentual de 10% oficializado agora. Em 2017, o percentual de correção definido foi de 13,55%.