Opinião

“Confiança e determinação”, por Suely Ouro

Preocupação: palavra-chave constante no vocabulário de todos os seres humanos, sem exceção. Tendo em vista o peso das expectativas sombrias (mescladas com a insegurança generalizada a pairar sobre o nosso século qual fantasma assustador), naturalmente vivemos ansiosos, atemorizados e, consequentemente, preocupados, cada um à sua maneira.

Nas palavras do filósofo inglês Bertrand Russel, “a preocupação é uma forma de medo, e todas as formas de medo produzem fadiga. O homem que aprendeu a não ter medo percebe como a fadiga da vida cotidiana diminui enormemente”.

Preocupar-se, até certo ponto, parece-nos normal; todavia, a preocupação, em si mesma, evidencia certa fraqueza humana que se revela em duas vertentes complementares. De um lado, quase sempre se configura em orgulho por se pensar que o controle da nossa vida e daqueles que amamos está em nosso poder: é a ilusão de querer ter nas mãos a capacidade de administrar, em cada detalhe, os fatos do cotidiano: acontecimentos relacionados à saúde, emprego, relações humanas etc.

Do outro lado, constitui uma atitude de negação e paralisia da fé – virtude necessária e essencial à vida de qualquer pessoa que crê na providência e no poder de Deus, O qual atua no dia-a-dia muitas vezes de forma misteriosa, mas concreta.

Ao nos preocuparmos, tomamos para nós uma responsabilidade que não nos foi delegada. Jesus, repetidas vezes ensinou nos evangelhos: “Não vos inquieteis”. Tais palavras devem inspirar-nos paz e tranquilidade, pois alguém maior que tudo no mundo é capaz de alterar qualquer circunstância negativa.  Assim, para aquele que acredita em um Deus pessoal e amoroso, a preocupação exacerbada é grande contrassenso: sentimento que desagrada ao Criador, uma vez que denota falta de confiança nas promessas feitas por Ele de que cuidará dos nossos anseios, sejam pequenos ou grandes.

Coloquemos uma coisa em mente: a inquietação não muda nada, servindo apenas para desviar o olhar do que realmente importa, ou seja, o fato de Deus ter o controle do mundo, sendo pleno em fidelidade, justiça e benignidade. Dessa forma, a preocupação é uma emoção nociva, sufocante e aprisionadora; ela consome energia e tenta sobrepor a força e engenhosidade humanas acima do poder e propósitos divinos.

Enfim, ao invés de nutrir ansiedade, inquietação e preocupação, palavras semanticamente negativas à experiência humana, ofereçamos livremente ações de graças, vindas de um coração ancorado na esperança e na fé inabalável no Deus Todo-Poderoso e suficiente Mantenedor – Aquele que conhece todas as coisas e sonda os corações. Confiar ainda é o melhor caminho para se viver sem ser consumido pelas preocupações.

*Suely Ouro é integrante do PSDB-Mulher de Sergipe.