As mulheres já se mobilizam para enfrentar qualquer ação contrária à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que obriga os partidos políticos a destinar 30% do Fundo Eleitoral para financiar candidatas. Para a presidente de honra do PSDB-Mulher, Solange Jurema (AL), é “inaceitável” qualquer tentativa de anulação da medida.
“Para que exista democracia, é preciso que o poder seja dividido, que exista igualdade. Não é democracia se ainda não tivermos representação. O povo quer mudança, a presença da mulher na política representa essa mudança, agir contra isso é um profundo egocentrismo”, enfatizou Solange.
As tucanas de todo o país receberam com indignação a tentativa de anulação da decisão do TSE, o que, na avaliação delas, representaria um retrocesso na luta pela igualdade de gênero no Brasil. Por isso mesmo estão dispostas a organizar uma mobilização entre as mulheres de todos os partidos para que a destinação de 30% dos recursos do Fundo Eleitoral para candidatas seja mantida.
Alguns dirigentes partidários começaram ontem a articular uma ação com a qual pretendem questionar a decisão da justiça eleitoral junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), com a alegação de que o TSE teria extrapolado em sua competência ao interferir nas regras para a destinação dos recursos do Fundo Eleitoral.
Destinação de recursos justa
Para a presidente de honra do PSDB-Mulher, a garantia de investimento nas candidaturas femininas deste ano é essencial. “Nós não nos elegemos porque não temos oportunidades, esse é o problema. Com mais espaço na TV, mais recursos, a mulher vai poder mostrar muito mais seu potencial, isso não é para benefício somente dela, o partido cresce com isso também”, argumentou Solange.
Segundo a tucana, a ação dos partidos indica que o discurso de igualdade promovido por cada um é falso, já que na prática, a justiça não funciona. “É incrível como o machismo ainda está enraizado, tudo aquilo que tira os homens da zona de conforto não é agradável a eles, eles ainda se sentem muito incomodados”, frisou.
O Fundo Eleitoral prevê que sejam disponibilizados R$ 1,7 bilhão para financiamento de campanhas de todos os partidos. Composto por recursos públicos, sua criação se deu em 2017, após a Suprema Corte ter impedido doações eleitorais de empresas.
*Com informações do jornal O Globo.