Março é dedicado à mulher porque foi em um dia 25 deste mês, em 1911, que 123 operárias perderam a vida no incêndio de uma fábrica têxtil em Nova Iorque, marcando para sempre a história da luta feminista. Nossa jornada começou antes, no final do século 19, com o princípio das manifestações de organizações femininas, que reivindicavam melhores condições de trabalho, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos.
O primeiro Dia Internacional da Mulher aconteceu em maio de 1908, nos Estados Unidos, e contou com 1.500 mulheres que pediam por igualdade política e econômica no país. Em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional, que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Em 1975 comemorou-se o Ano Internacional da Mulher e em 1977 as Nações Unidas reconheceram oficialmente o ‘8 de março’.
No Brasil a luta pelos direitos das mulheres nasceu com os movimentos anarquistas do início do século 20, que clamavam por melhores condições de trabalho e de vida. Particularmente importante foi o movimento sufragista, em que mulheres cultas, determinadas e corajosas como Nísia Floresta e Bertha Lutz, cobravam o direito a votar e a se eleger para cargos políticos, no que hoje pode ser considerado como o início no país da luta da mulher para conduzir sua vida, ser agente de seu próprio destino.
Na segunda metade do século 20 as brasileiras conquistaram diálogo com o Estado, quando o Governo Franco Montoro, em São Paulo, criou o Conselho da Condição Feminina, em 1982, e em 1985, com a primeira Delegacia Especializada da Mulher. Em 2002, Fernando Henrique Cardoso criou a Secretaria da Mulher, cuja primeira titular foi Solange Jurema, com status de ministério, e o resto é História. Avançamos.
No século 21, portanto, o Dia Internacional da Mulher é de celebração, foram muitas as conquistas. Mas não podemos esquecer os grandes desafios que ainda temos a enfrentar. O Brasil tem menos parlamentares mulheres do que 151 países no mundo, apenas 10,5% do Congresso é feminino. Embora quase 30 milhões de famílias brasileiras sejam chefiadas por mulheres, ocupamos só 38% dos cargos de chefia no país, e ainda ganhamos 23% a menos para exercer o mesmo cargo e função que os homens. Os filhos que criamos sozinhas vivem com menos.
O Brasil mata suas mulheres, uma a cada duas horas, e isso tem que parar. Ampliar nosso espaço de poder e atuação e contribuir para mudar a cultura da violência que o país enfrenta, é a melhor maneira de honrar as mulheres que nos precederam, e garantir que os próximos Dias Internacionais da Mulher sejam mais justos.
* Yeda Crusius é presidente Nacional do PSDB-Mulher, deputada federal no quarto mandato pelo Rio Grande do Sul, ex-governadora e ex-ministra do Planejamento.