Ao participar do seminário “Mulheres na Justiça”, organizado pela embaixada da França em Brasília, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, reclamou do machismo e do preconceito na sociedade brasileira. “A sociedade brasileira é patrimonialista, machista e muito preconceituosa”, desabafou.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e a advogada-geral da União, Grace Mendonça, também participaram do evento. Assim como Cármen Lúcia, Dodge e Grace ocupam os cargos mais elevados nas suas áreas.
“Todos os poderes, por exemplo, de cargos públicos, Judiciário, Ministério Público ou mesmo a advocacia, são cargos que tiveram modelos segmentados socialmente para homens e pelos homens”, disse Cármen Lúcia.
Para a presidente do STF, as mortes de mulheres são provocadas pela falta de atenção às causas femininas na sociedade.
“Continua havendo mulheres mortas, e não mortas apenas pelos companheiros, mortas por uma sociedade que teima em não ver que a mulher não é a causadora do feminicídio, que é o assassinato recorrente da sua condição de ser mulher”, complementou.
Para Raquel Dodge, há “um longo caminho a percorrer” em busca da igualdade. “Sair de casa e pedir que o marido cuide do jantar, ou que prepare o café da manhã, ou que compre fralda para os filhos não é um favor”.
Segundo ela, é preciso pautar a defesa das mulheres na vida pública e a luta contra a violência doméstica na vida privada.
Grace Mendonça disse que o Brasil é ‘uma sociedade machista e que ainda estranha ter uma mulher em posição de destaque. “Uma sociedade machista e que ainda estranha ter uma mulher em posição de destaque”, disse. “Nós não podemos ter um único espaço que possa permitir qualquer tipo de vacilo. Não podemos errar, e isso nos impõe um ônus mais do que pesado.”
*Com informações do G1 e da Agência Brasil.