A desigualdade de oportunidade entre os sexos traz diversas perdas para o crescimento social e econômico do país. Com ela, o machismo é acentuado, as mulheres são desmotivadas, as políticas públicas se tornam injustas e a economia deixa de crescer como deveria. Estudos indicam que a igualdade de gênero está positivamente associada ao PIB per capita e aos níveis de desenvolvimento humano.
O relatório Situação da População Mundial 2017, lançado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), indica que a promoção da igualdade poderia acrescentar US$ 28 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) global até 2025.
Os homens representam cerca de 76% da força de trabalho, e as mulheres chegam a apenas 50% deste número. O salário pago a elas corresponde a 77% do que é pago aos trabalhadores do sexo masculino.
A vereadora de Puxinarã (PB) e advogada Rosemeire Genuíno (PSDB-PB) afirmou que só com o incentivo da participação feminina que haverá o fim da defasagem da presença de mulheres em todas os setores.
“As mulheres estão sempre em segundo plano. Falta incentivo para dar a elas um maior preparo, mais destaque. Só assim vamos melhorar sua participação”, destacou Rosemeire Genuíno.
A tucana pontuou que, para as mulheres, ainda existem muitas barreiras e empecilhos que as impedem de obter seu desenvolvimento pessoal e sua inserção no mercado de trabalho. “Nós ainda encontramos muitas barreiras, precisamos de mais atenção e mais oportunidades, mais condições para que possamos trabalhar”, disse.
Segundo os estudos, a redução da desigualdade de gêneros possibilitaria que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) fossem cumpridos. A realidade, porém, caminha na contramão dessa avaliação – apenas metade das mulheres de todo o mundo possui um emprego remunerado.
Maternidade
Das mulheres que estão inseridas no mercado de trabalho, três em cada cinco não têm acesso à licença maternidade e muitas ainda passam por “penalidades pela maternidade”.Para Rosemeire Genuíno, a maternidade e as obrigações que acabam decorrentes dela ainda agravam a situação da mulher no mercado de trabalho.
“As mulheres que têm filhos não recebem assistência. Elas precisam deixar a criança em um local em que ele receba o cuidado adequado, para que elas se sintam seguras. Precisam também de oportunidades para entrar nas empresas”, afirmou a vereadora.
A pesquisa realizada revela que a falta de acesso ao planejamento reprodutivo causa 89 milhões de casos de gravidez não intencionais e 48 milhões de abortos em países em desenvolvimento por ano. A UNFPA apontou que a cada US$ 1 que é gasto com serviços contraceptivos corresponde a US$ 2,22 que seriam poupados com a assistência à gravidez.
Juventude
Segundo os dados do censo, somente em 2015 ocorreram aproximadamente 14,5 milhões de partos de adolescentes em 156 países em desenvolvimento. Um em cada cinco bebês são gerados por mães adolescentes. Elas enfrentam ainda condições precárias como acesso mínimo ou limitado à serviços de assistência à saúde sexual, a educação de qualidade e oportunidades de emprego, além de uma alta exposição à violência.
No Brasil, cerca de 22,5% das pessoas jovens entre 15 e 29 anos não estudam e nem possuem qualquer trabalho. Nessa parcela, mais de 65% corresponde a mulheres, e a maioria delas, cerca de 54,1%, já havia passado por uma gestação.
A vereadora pontuou que a educação é o principal mecanismo que pode resgatar as jovens que passaram por uma gravidez precoce e não estudam ou trabalham. “É dando uma educação de qualidade, especialização, mais capacitação adequada que elas se desenvolverão no mercado de trabalho”, destacou.
Segundo o UNFPA, apenas a promoção de equidade de direitos para mulheres e meninas, especialmente no que diz respeito a serviços e direitos de saúde sexual e reprodutiva, poderá levar ao desenvolvimento econômico e sustentável. É necessário que o crescimento seja distributivo, equitativo e que atinja a todos os gêneros e camadas sociais.