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Nos EUA Mara Gabrilli debate transplante de órgãos e visita Instituto referência na área

A deputada Mara Gabrilli participa nesta semana de missão oficial em Miami, nos Estados Unidos.  Na manhã desta terça-feira (15/8), ela visitou o Miami Transplant Institute e o Jackson Memorial Hospital, centros que são referência mundial em transplante de órgãos.

Convidada pelo médico brasileiro Rodrigo Vianna, Diretor de Serviços de Transplantes do Instituto, Mara conheceu as instalações das entidades e debateu estratégias necessárias para o aumento da doação de órgãos no Brasil.

O Miami Transplante Institute, em conjunto com o Jackson Memorial Hospital da Universidade de Miami, é considerado um dos principais centros de transplante no mundo, principalmente em relação a rim, fígado, intestino, coração, pulmão e pâncreas. Além disso, também possui programas únicos em transplante multivisceral (multi-órgãos).

“Estamos aqui para mudar a vida de pessoas com doenças raras e bebês que não conseguem ser transplantados no Brasil porque nossa estrutura é falha e solta, mas tenho certeza que com o apoio e a experiência valorosa do Dr. Rodrigo, vamos conseguir avançar neste campo e mudar a vida de muitos brasileiros”, afirmou a deputada.

Dr. Rodrigo, que além de Diretor é chefe do serviço de transplante intestinal e mutivisceral do mesmo instituto, foi um dos médicos responsáveis pelo sucesso nos transplantes de duas crianças brasileiras, Pedrinho e Sofia, que nasceram com problemas congênitos raros e saíram do Brasil para realizar um transplante multivisceral em Miami. Pedrinho sofria da “Síndrome do Intestino Curto”, e Sofia, da “Síndrome de Berdon”, caracterizada pela má formação dos órgãos do sistema digestivo.

Atualmente, a “Síndrome de Berdon” acomete outra criança brasileira. Em abril, Mara se encontrou com o carpinteiro José Gomes Soares, que fazia greve de fome acorrentado ao corrimão do prédio da Justiça Federal na Avenida Paulista, região central da capital paulista. O sacrifício era pra que seu filho Samuel, de 1 ano e meio, fosse submetido a um transplante multivisceral, cirurgia nunca realizada no Brasil.

O menino nasceu com essa doença rara, que exige um transplante de múltiplos órgãos, como estômago, intestino e fígado.  Enquanto isso, o bebê consegue se alimentar apenas por meio de nutrição parenteral, infusão que leva os nutrientes diretamente ao sistema circulatório. Uma das possibilidades era a transferência do paciente justamente para Miami, onde spanersos transplantes do tipo já foram realizados. A cirurgia custa cerca de U$ 1 milhão. No final de julho, a família de Samuel conseguiu na Justiça uma liminar favorável determinando ao governo brasileiro custear o tratamento em Miami. No entanto, a União ainda pode recorrer e não existe previsão para a viagem de Samuel aos Estados Unidos.

Segundo Vianna, hoje, no Brasil, o transplante multivisceral (de múltiplos órgãos) não é realizado por uma desorganização do próprio sistema de saúde brasileiro. “O Brasil tem jeito sim. Só precisa de alguém que lidere esse campo. Dá para fazer e dá para melhorar muito”, afirmou.

Para debater o assunto no Brasil, Mara solicitou a realização de uma audiência pública, que será realizada no dia 23/11, na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. O médico Rodrigo Vianna é um dos convidados e virá de Miami para contar um pouco de sua experiência.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, 87% de todos os procedimentos de transplantes realizados no país são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com esse percentual, o Brasil possui o maior sistema público de transplante de órgãos do mundo. Em números absolutos é o segundo país que mais realiza transplantes renais e hepáticos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.