O direito das mães amamentarem em público, sem sofrerem nenhum tipo de constrangimento, vem ganhando força em diversos países, além do Brasil. Não há dúvidas de que o aleitamento materno é insubstituível e fundamental para a saúde da mãe e do bebê. No entanto, a sociedade ainda recrimina a cena de mães alimentando seus filhos em espaços públicos.
No Brasil, há uma campanha criada nas redes sociais chamada “Hora do Mamaço”, que protege este direito das mães. O objetivo da ação é promover de encontros simultâneos de lactantes em diversas cidades no intuito de desmistificar o ato da amamentação.
Os movimentos em prol do aleitamento já tiveram impacto nas leis reais e virtuais. Cinco estados brasileiros (São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais) adotaram normas que impedem o constrangimento de mulheres que amamentam em ambientes públicos. Em 2015, a publicidade dos leites artificiais foi regulamentada e, segundo as normas vigentes, os leites industrializados não podem associar suas embalagens à amamentação no seio, com fotos ou representações gráficas, como se fossem a mesma coisa.
Alinhado com o movimento global, o Facebook alterou sua rígida política de veto a imagens do corpo nu e liberou fotos de mulheres com os seios à mostra, dando de mamar a seus filhos.
A ouvidora do PSDB-Mulher e especialista em Direitos Humanos, Sandra Quezado (PSDB-DF), aprovou o movimento global em prol da amamentação e destacou que este não é um direito apenas da mulher, mas principalmente da criança.
“A criança tem o direito de ser amamentada na hora em que estiver com fome. Muitas vezes, a mulher não tem tempo de chegar em casa para se recolher e alimentar seu filho. Pode ser no supermercado ou no trabalho mesmo. O bebê não espera”, disse.
A tucana afirmou que a recriminação deste ato de amor entre mãe e filho decorre de um “falso pudor” relacionado à nudez do corpo feminino. “A ideia não é que as mulheres exibam seus corpos, e sim resguardar o direito da criança. É preciso encontrar equilíbrio entre a necessidade de amamentar e o espaço do outro. Todos podem ser espeitados”, declarou.
Para Sandra, falta informação para as pessoas que ainda recriminam o aleitamento. “É preciso ser mais compreensível com a realidade do próximo, ler mais, se informar. A crítica à amamentação ainda é herança do machismo existente na nossa sociedade”, lamentou.
Exemplos pelo mundo
A senadora australiana Larissa Waters, de 40 anos, protagonizou uma cena inédita no país em maio. Ela amamentou a filha, Alia, de 3 meses, no plenário. A cena criou polêmica e a senadora recebeu mensagens de apoio, mas também de reprovação. A atitude da parlamentar virou símbolo e se tornou bandeira das lactantes.
Na Colômbia, lojas de Bogotá adotaram manequins de mulheres com bebês nos braços, como se estivessem amamentando para estimular as mães. A iniciativa foi de uma organização local para combater qualquer tipo de crítica.
Nos Estados Unidos e na Inglaterra existem as “lactivistas”, grupo que defende o direito a amamentação pública e condenam o “falso pudor” dos que recriminam a prática.