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Tucanos destacam legado de Mario Covas 16 anos após sua morte

Brasília (DF) – O ex-governador de São Paulo e um dos fundadores do PSDB Mario Covas deixou um legado de conquistas e uma carreira política admirada por correligionários e até mesmo por integrantes de outros partidos. Natural de Santos (SP), o tucano foi três vezes deputado federal, duas vezes senador, prefeito da capital paulista e governou o estado por dois mandatos. Em 1989, na primeira eleição direta à Presidência após a redemocratização do país, foi o candidato do PSDB. Após 16 anos de sua morte, em 6 de março de 2001, depois de uma intensa luta contra o câncer, Covas continua sendo lembrado por milhares de brasileiros em todos os cantos do país.

Formado em engenharia civil, o ex-governador iniciou a militância política como estudante universitário, tendo sido eleito vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1955. Em 1969, teve seu mandato de deputado federal cassado pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5), quando liderava a bancada de oposição.

Para seu filho e vereador de São Paulo Mario Covas Neto (PSDB), a vida do tucano foi pautada por momentos históricos e com uma atuação de muito destaque.

“Ele foi candidato pela primeira vez a prefeito de Santos em 1961. No ano seguinte, foi candidato a deputado federal e se elegeu pela primeira vez com 32 anos. Depois, veio o golpe de 1964 e ele foi para o MDB, partido de oposição, e virou líder na Câmara aos 35 anos, algo surpreendente pelo momento político e pela pouca idade que tinha. Treze anos depois de cassado, foi candidato a deputado federal pelo PMDB. Em seguida, foi prefeito, senador com uma votação histórica e líder na constituinte”, lembrou.

Na avaliação do vereador, a trajetória política do pai é “inigualável”. “Vai fazer 16 anos da morte dele e ainda escuto com muita frequência aqui em São Paulo a falta que ele faz, que se ele estivesse vivo o país seria outro, que ele seria presidente. Há muita presença dele ainda. Para um político, ter essa presença toda é algo surpreendente. Em um país onde política é sinônimo de coisa ruim, ter alguém que deixa uma imagem tão forte assim é muito legal”, acrescentou.

Mário Covas foi ainda secretário de Transportes e prefeito de São Paulo. Em 1986, se elegeu senador com 7,7 milhões de votos. Dois anos depois, em 1988, ajudou a fundar o PSDB e se tornou o primeiro presidente nacional do partido. Venceu as eleições para o governo paulista em 1994 e conseguiu se reeleger em 1998.

Seus dois mandatos tiveram como principais ações o saneamento das finanças públicas, com medidas destinadas a promover ajuste fiscal e equilíbrio orçamentário. Adotou o chamado Programa Estadual de Desestatização (PED), que privatizou as principais empresas e estradas estaduais entre 1995 e 2000.

Para o neto de Covas, o vice-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), a importância do ex-governador na política brasileira é reconhecida e lembrada até os dias de hoje. “Em um país em que se diz que rei morto é rei posto, estamos às vésperas dos 16 anos do falecimento dele com as pessoas tendo uma memória tão viva e tendo tão boas referências. A gente vê a grandeza e a importância que ele teve por toda a carreira dele, desde líder da oposição no regime militar, passando pelos 10 anos de cassação, a formação do MDB, do PMDB e do PSDB, a primeira candidatura do PSDB à Presidência em 1989, a constituinte”, ressaltou.

PSDB

Bruno Covas também destacou a fundação do PSDB como um dos momentos mais marcantes da história de Covas. De acordo com ele, o objetivo do ex-governador ao lado de outros parlamentares era buscar um novo partido que pudesse representar os anseios reais da sociedade.

“A partir de um determinado momento, se percebeu dentro da Constituinte um grande bloco criado ainda sob a égide de um dos partidos do bipartidarismo que já não representava mais os anseios da sociedade. Hoje a gente só vê criação de partido de quem é da oposição para poder aderir ao governo. Aquele foi um momento exatamente contrário. Eram 50 parlamentares governistas que resolveram ir para a oposição porque não concordavam com o rumo do partido e com o rumo do governo. Isso marcou. Era um grupo muito forte, tanto que o PSDB nasceu já forte e consolidado dentro do Congresso e até hoje é um dos principais partidos brasileiros”, completou.

Marcas

O vereador Mario Covas Neto também destacou que uma das grandes marcas registradas do tucano era a atenção aos mais pobres, principalmente à frente da prefeitura de São Paulo, lançando programas e mutirões que revolucionaram a periferia da cidade.

“Ele tinha isso muito claro, não titubeava em relação a uma decisão que envolvesse um benefício para aquele que precisava mais. Isso parece até meio demagogo, mas não é. Na época, a maior reivindicação era de ter asfalto nas ruas porque, sem rua asfaltada, não entra caminhão de lixo, ambulância, polícia, ônibus. Em dois anos e meio, ele fez mais de 5.000 km de rua, além dos mutirões de habitação. O pensamento é sempre em como você é capaz de dar guarida a quem não tem nada e depende do poder público para poder ter o mínimo de dignidade. Até hoje, muita gente que encontro na rua conta uma história, se emociona e chora, de tão envolvente que foi”, afirmou.

Para Bruno Covas, o olhar aos mais necessitados fez com que o avô entrasse para a vida pública. “Ele só passou a ser conhecido em Santos, quando, ainda engenheiro da prefeitura, foi destacado para cuidar de um deslizamento de terra. Aqui em São Paulo, por onde passo na periferia, as pessoas vêm falar: ‘ele veio aqui e produziu essa calçada, ajudou a gente a fazer essa rua, prometeu e construiu duas escolas’. Era uma pessoa que estava muito presente em todos os cantos da cidade e também depois como governador teve uma atenção prioritária aos mais humildes”, destacou.

Segundo o vice-prefeito, esse cuidado também é um dos símbolos do PSDB. “É assim que o PSDB governa, repassando atividades que não são essenciais do Estado para a iniciativa privada cuidar para poder focar naquilo que é o essencial: saúde, educação, moradia, transporte. Enfim, aquilo que é o essencial, que o poder público tem que fazer e fazer bem feito”, disse.