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Gestores de presídios doaram R$ 2,9 milhões à campanha de senadora em 2012

A Senadora Vanessa Grazziotin durante o 5º Seminário Diálogos sobre Justiça.Tema: Feminicídio no Brasil: Diagnósticos, Desafios e Perspectivas (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

SEMINARIO FEMINICIDIOBrasília (DF) – Apesar de se posicionar contrariamente à terceirização da gestão de presídios no Amazonas, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) teve como doadores de sua campanha para a prefeitura de Manaus, em 2012, quatro empresas ligadas ao grupo que administra cadeias no estado. Do total recebido por ela (R$ 13,450 milhões), as quantias somadas chegaram a 20% desse valor, ou seja, cerca de R$ 2,890 milhões. Em nota, a senadora disse que todas as doações foram legais e declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

De acordo com o jornal O Globo desta quinta-feira (12), duas empresas que mantém relação direta com a gestão de prisões no Amazonas foram usadas para realizar as doações: a Auxílio e a Rh Multi Service. A primeira fez as maiores doações: dois depósitos que somaram R$ 1,340 milhão. Já a Rh Multi colaborou com R$ 190 mil.

As duas empresas são controladas respectivamente pelo presidente da Fecomércio-CE, Luiz Gastão Bittencourt, e por seu filho Luiz Fernando Bittencourt. Os dois empresários estão por trás de uma rede de 12 firmas que controlam direta ou indiretamente a gestão terceirizada de presídios no Amazonas. De 2010 até hoje, esse mercado já movimentou R$ 1,1 bilhão.

Segundo a reportagem, outras duas empresas com sede no Ceará, que também pertencem à família Bittencourt, foram usadas para irrigar a campanha de Grazziotin: a Serviarm (R$ 360 mil) e a Serval (R$ 1 milhão). Na época, a parlamentar foi derrotada pelo prefeito Artur Neto (PSDB), reeleito para o cargo em outubro do ano passado.

Crítica

Com uma postura crítica à privatização da gestão de presídios, Grazziotin chegou a citar em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo desta terça (10) o fato de as empresas Auxílio e Serval terem doado para a campanha do atual governador do Amazonas, José Melo (PROS).

“No Amazonas, há ineficiência da empresa privada que opera os presídios. Há sobrepreço do contrato (triplo da média nacional), que já consumiu, de 2010 a 2016, R$ 1,1 bilhão do dinheiro público, parte dos quais irrigaram campanhas do governador e seus aliados”, disse no artigo.

Em nota nesta quinta, a senadora reafirmou suas críticas à gestão dos presídios e disse que “com o objetivo de confundir a opinião pública, está sendo vítima de ataques nas redes sociais, onde buscam relacionar uma das empresas que doou para a minha campanha com outras que sequer fizeram parte da minha lista de doações”. “Se o objetivo é me intimidar, não conseguirão, muito menos com ilações grotescas. Sigo firme no meu compromisso de fiscalizar as ações dos governos e de legislar em prol do bem comum”, disse.

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