Após o resultado das últimas eleições, bateu um certo desânimo nas mulheres que militam na política. Isso porque o crescimento esperado da participação da mulher não ocorreu, o resultado numérico foi frustrante. Apesar de todos os esforços de muitos segmentos da sociedade, inclusive da justiça eleitoral que tentaram mostrar a sociedade que nossa democracia continuará enfraquecida sem a participação da mulher, que representa a maioria da sociedade brasileira.
Em Alagoas, 21(vinte e uma) mulheres foram eleitas prefeitas, o que corresponde a 20,5% do total geral de eleitos. O percentual é maior que em 2012, quando as mulheres somavam 18 (dezoito) prefeitas eleitas.
Como vemos, apesar da cota de gênero, a participação da mulher é diminuta se comparada a dos homens que nestas eleições, elegeram 81 prefeitos. No Brasil o desempenho das mulheres eleitas para as Câmaras Municipais foi pior ainda, 11,57% do total de eleitos.
Em 2009, com a Lei 12.034 a norma passou a prever que os partidos e coligações reservem para os cargos proporcionais o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidatos de cada sexo.
Daí vem, é claro, a frustração em perceber que, justo nos cargos proporcionais a norma tem se mostrado insuficiente para garantirmos o avanço.
Das vagas legislativas ofertadas no pleito de 2016 nas Câmaras Municipais alagoanas apenas 14,7% serão ocupadas por mulheres. Em 2012 o percentual era de 15,5%, ou seja, houve decréscimo. Em números absolutos eram 164 vereadoras no pleito de 2012 e agora são 158, e olhe que, houve um aumento de números de vagas em alguns municípios. Cresceu também o número de municípios que não possuem nenhuma vereadora eleita, em 2012 eram 13 (treze) municípios, agora são 18 (dezoito), entre eles: Ibateguara, Batalha, São José da Laje e Teotônio Vilela. A capital Maceió acompanha o retrocesso, na legislatura de 2012 eram 6 (seis), agora são 4 (quatro) as eleitas. O município que apresenta maior participação de mulheres no parlamento é Mata Grande, das 11(onze) vagas existentes, 5(cinco) serão ocupadas por mulheres.
Para o professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, José Eustáquio Diniz Alves, o fenômeno não decorre da carência de mulheres aptas a concorrerem, mas antes do modo como os partidos são organizados: “Eles são controlados por homens, que dão pouco espaço para as mulheres estruturarem suas campanhas”, diz.
A composição partidária brasileira reflete o patriarcalismo da sociedade, na opinião de Marlise Matos, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). “Todo o processo político acaba sendo muito desestimulante para a mulher”, avalia Marlise.
Sem o devido apoio, a proporção de candidatas eleitas, é efetivamente baixa.
Como pouco avançamos dentro dos partidos, isso se refletiu no resultado das eleições. No âmbito do PSDB Mulher, através de parceria com a Fundação alemã Konrad Adenauer, muito se tem investido no empoderamento das mulheres tucanas, incentivando sua ampla participação, não só nas eleições, mas nos espaços de poder internos do partido.
No último Congresso da Juventude do PSDB, realizado em 2016, jovens mulheres tucanas entregaram um manifesto ao Presidente Aécio Neves reivindicando a participação de mulheres no Secretariado da Juventude Tucana que hoje é formado apenas por homens, perpetuando a dominação masculina nos espaços de decisão partidária. Esse grupo foi organizado na Frente de Jovens Tucanas que entre outras propostas, sugere que os diretórios partidários sejam compostos de forma paritária por homens e mulheres.
Certamente iniciativas como essas, são um incentivo a nós, que defendemos a ampliação da mulher na política, tão desiludidas com o resultado do último pleito que infelizmente demonstra a velocidade de tartaruga que as mulheres estão submetidas para alcançarem os espaços políticos e partidários.
Sociólogos acreditam que se os índices de aumento da participação feminina na política continuarem no ritmo das últimas décadas, levaremos 150 anos, ou seja, mais 15 gerações para atingirmos a tão almejada paridade,
As direções partidárias devem estar atentas à voz das ruas neste aspecto. Oito em cada dez brasileiros ouvidos pelo Ibope e pelo Instituto Patrícia Galvão (78% dos entrevistados), para uma pesquisa sobre a presença de mulheres na política, defenderam a obrigatoriedade de uma divisão paritária para candidatos e candidatas nas listas partidárias para eleições, nas três esferas do Legislativo (municipal, estadual e federal). Assim, rogo aos dirigentes de todos os partidos, que busquem novas alternativas de apoio às mulheres que estão preparadas intelectualmente e politicamente para contribuírem com a sociedade.
Rogo também as mulheres que não esmoreçam, que transformem essa frustração em combustível para buscarem novos caminhos e alternativas que acelerem esse processo, visando o salto qualitativo que nossa democracia representativa anseia.
Acelerem, mulheres!
(*) Pedagoga, especialista em Pedagogia Empresarial e Administração Pública e Presidente do PSDB Mulher em Alagoas.