Brasília (DF) – O Brasil ainda deverá sofrer, por mais alguns anos, o impacto da má gestão dos governos petistas na economia. Os números mais recentes confirmam que o país continua em profunda recessão: além do recuo de 3,8% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, as perspectivas de queda são de 3,5% neste ano. Será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de retração desde que foi iniciada a série histórica oficial do IBGE, em 1948.
Em entrevista publicada nesta segunda-feira (5) pelo jornal Folha de S. Paulo, o presidente do IBGE, o economista Paulo Rabello de Castro, avaliou que o país vive uma recessão “autoinfligida”, e alertou para os riscos de estagnação da economia, que já são “visíveis a olho nu”. Isso porque, apesar da previsão de crescimento de 1% para 2017, os estragos feitos pelo antigo governo nas áreas do emprego e renda impossibilitam uma recuperação a curto prazo.
“Ainda estamos regredindo. E, se olharmos à frente, vemos projeções menos favoráveis do que há seis meses. À medida que os meses de 2016 foram avançando, foi ficando claro que a reversão do processo recessivo será mais lenta e mais penosa, do ponto de vista do que mais nos interessa, que é a recuperação do emprego. Portanto, o quadro não é bom”, afirmou. “Crescer 1% em 2017 é claramente insuficiente. Ficará para 2018 o hercúleo trabalho de, aí sim, demonstrar números mais parecidos com uma recuperação”, constatou Rabello.
“Nós não conseguimos fazer esse time jogar bem. Veja a seleção brasileira, uma rearticulação na cabeça do técnico fez emergir com os mesmos jogadores um outro time. Esse é o milagre que eu esperaria do governo. Não podemos trocar os jogadores. Algo há de errado na disposição desse time. As empresas entram mal em campo, as pessoas são desempregadas. Todos ficam desesperançados, a produtividade geral cai e o governo gasta demais”, disse o economista.
Para o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), a análise feita por Rabello ganha uma conotação ainda mais grave visto que ele é presidente do IBGE, grande banco de dados sobre a realidade nacional.
“Ele está dentro do governo. Está alertando em uma perspectiva de contribuição, não é um economista de oposição. Isso dá um peso ainda maior. O que se nota é que o Brasil está em uma trajetória extremamente complicada. Você teve crescimento zero em 2014. Em 2015, 3,6% negativo, e esse ano deve fechar alguma coisa em torno de 3,2%, 3,3% negativo. A perspectiva de uma recuperação é moderada no ano que vem, mas mesmo essa perspectiva está indo, paulatinamente, pelo ralo, porque o dever de casa tem que ser feito”, considerou.
O tucano destacou que é fundamental que o governo do presidente Michel Temer conduza as reformas necessárias na economia de forma a resolver o que classificou como um dos maiores problemas do Brasil atualmente: o desequilíbrio fiscal.
“O grande problema de natureza objetiva, concreta, é o desequilíbrio fiscal do setor público. Essa é raiz de todos os males. O Brasil acumulou, por dois anos seguidos, um déficit nominal de 10% do PIB. Isso é um indicador muito grave. Basta dizer que a zona do Euro, no tratado de Maastricht, os países europeus acordaram 3% como o limite máximo aceitável de déficit nominal”, explicou.
“O Brasil está a dois anos seguidos com 10%. Qualquer dona de casa, qualquer trabalhador sabe que não pode gastar mais do que tem indefinidamente, ou essa dívida só vai crescendo”, completou Pestana.
Leia AQUI a íntegra da entrevista de Paulo Rabello para o jornal Folha de S. Paulo.