Todas as atenções do mundo estão voltadas hoje para as eleições presidenciais americanas. Não é exagero dizer que do resultado da disputa entre Hillary Clinton e Donald Trump depende – em maior ou menor grau – o futuro imediato de todas as nações. Para o Brasil, está em jogo parcela relevante das chances de recuperação da economia local.
A candidata democrata chega ao dia da eleição com leve vantagem sobre o republicano. Segundo a média das pesquisas divulgadas na noite de ontem, Hillary tem 47% das intenções do voto popular, enquanto Trump está com 44%. O desenrolar da votação em estados-chave do sistema eleitoral americano pode, contudo, balançar esta leve dianteira.
Nos últimos dias, a ascensão de Trump tornou os cenários econômicos ligeiramente mais turvos mundo afora. Na avaliação da maioria dos analistas, uma vitória do republicano projetaria ambiente mais restritivo, mais belicoso e inseguro, num momento em que parte significativa das nações do resto do globo também tem caminhado para posturas mais conflituosas e fechadas – como é o caso recente do Reino Unido.
Um traço, contudo, une o republicano a Hillary: também ela professa fé em medidas protecionistas de comércio, num aceno aos americanos insatisfeitos com resultados que a globalização e a maior abertura trouxeram para a economia de seu país. Ambos prometem rever o Acordo Transpacífico, um marco na liberalização comercial no mundo, ao reunir 40% do PIB global. Trump vai um pouco mais além e põe na mira também o Nafta.
Fronteiras mais fechadas não interessam a nações sedentas por novos mercados e crescimento, como é o caso brasileiro. Mais comércio é mais impulso à atividade produtiva, mais investimento, mais emprego. Trocado o sinal, invertem-se também os resultados.
Há cerca de uma década, os Estados Unidos deixaram de ser o principal destino das exportações brasileiras, superados pela China. No entanto, mantêm-se como parceiros relevantes do nosso comércio internacional.
Neste ano, são o segundo principal destino das nossas exportações, com US$ 18,8 bilhões. Mas são também a principal origem das nossas importações, de onde provieram compras de US$ 19,7 bilhões entre janeiro e outubro. Ambos apresentam quedas acima de 10% na comparação com os dez primeiros meses do ano passado.
Durante os últimos anos, a economia brasileira fechou-se ao livre comércio. Rifamos os melhores impulsos do boom internacional das commodities. Por isso, no momento em que nosso mercado interno claudica, expandir negócios lá fora torna-se alavanca fundamental para superar a recessão. Nossas chances já dependeram integralmente dos nossos desígnios. Agora serão maiores ou menores de acordo com o que os americanos escolherem para si na eleição desta terça-feira.