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“As lições da vitória de Raquel”, por Terezinha Nunes

Terezinha-Nunes-sorrindo-entrevista-300x169A eleição de João Dória como prefeito de São Paulo e de Alexandre Kalil, como prefeito de Belo Horizonte, além do grande percentual de abstenções e votos nulos e brancos, demonstraram nacionalmente que a população brasileira, no esteio do desgaste da classe política e da distância cada vez maior dos atuais partidos dos diversos segmentos representativos da sociedade, resolveu usar a eleição para exigir mudanças no quadro político.

Aqui em Pernambuco a maior expressão disso tudo aconteceu em Caruaru onde a tucana Raquel Lyra, apesar de política e de representar uma família de políticos, venceu a eleição deixando atônito seu adversário principal, o ex-prefeito Tony Gel, que liderava todas as pesquisas no município desde antes do primeiro turno até o finalzinho da campanha do segundo turno.

Por que Raquel venceu? Raquel conseguiu reunir em sua campanha tudo que o povo da cidade desejava antes mesmo de iniciada a campanha. E o que queria o povo de Caruaru? Em primeiro lugar, uma grande mudança que, no primeiro turno, foi representada pelo delegado Erick Lessa que tinha comandado a operação de afastamento e até prisão de vários vereadores acusados de atos escusos.

No segundo turno, era natural que os eleitores de Lessa, mesmo este ficando neutro, migrassem em sua quase totalidade para Raquel. Ela então passou a representar a mudança e não seria uma simples mudança.

Raquel é procuradora concursada, uma das mais brilhantes da atual safra de deputados estaduais pernambucanos, presidindo a comissão mais importante da Alepe, a de Constituição e Justiça e, sendo mulher, agradava a mais de 50% do eleitorado caruaruense formado por mulheres que até agora têm sido tratadas pelos partidos como coadjuvantes. Pernambuco é um exemplo claro disso.

Nunca elegeu prefeita na capital, nem senadora ou governadora, ao contrário de outros estados nordestinos. No momento, só há uma mulher entre os 25 deputados federais e cinco entre os 49 deputados estaduais.

Caruaru se levantou e as mulheres corriam nas ruas ao ouvir o nome de Raquel nos carros de som , anunciando sua presença em caminhadas. Quando se falava nos  comícios que Caruaru teria a chance de eleger a primeira mulher prefeita, a multidão vinha ao delírio. Até os homens vibravam da mesma forma, mostrando orgulho pela oportunidade de dar um exemplo a Pernambuco e ao Brasil.

Caruaru acabou sendo citada pela imprensa nacional pelo fato de ter eleito a única mulher no segundo turno. Melhor impossível para os que defendiam nas ruas a entrega do comando da cidade a Raquel.

“Quando os políticos erram, o povo conserta” afirmou o vice-presidente estadual do PSB, referindo-se ao fato de Raquel ter sido preterida em seu partido e acabar  prefeita com o apoio que recebeu do PSDB, partido ao qual pertence hoje.

Fica cada vez mais claro que os partidos precisam se abrir os diversos segmentos da sociedade se não quiserem ser vítimas do conserto feito pelo povo de Caruaru. No momento a beneficiada foi a mulher. No futuro serão os demais segmentos sociais não considerados no espectro político.

*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher de Pernambuco

**Do site do PSDB-PE