Opinião

“A ficha corrida de Lula”, análise do ITV

pixuleco-foto-itvLuiz Inácio Lula da Silva ganhou mais um item na sua já extensa ficha corrida. Agora, o ex-presidente também é alvo de denúncia por participação em organização criminosa. Para quem já é réu por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tentativa de obstrução de Justiça, trata-se de um currículo e tanto.

Na nova denúncia, apresentada na última segunda-feira, o ex-presidente é acusado pelo Ministério Público Federal de ter cometido crime de lavagem de dinheiro nada menos que 44 vezes, conforme relatou O Globo. As falcatruas referem-se a operações de empréstimos do BNDES para financiar obras da Odebrecht no exterior, em especial em Angola.

Os contratos fraudulentos podem ter chegado a R$ 30 milhões, segundo O Estado de S. Paulo, dos quais R$ 4 milhões podem ter ido parar no bolso de Lula. As denúncias foram divididas em dois blocos: uma parte apura ilícitos cometidos quando ele já havia deixado a Presidência da República, época em que teria praticado crime de tráfico de influência, e a outra quando ele ainda ocupava o cargo, ocasião em que o delito teria sido o de corrupção passiva.

A nova denúncia carrega os mesmos traços das investigações anteriores. Envolve parentes de Lula no recebimento de benefícios ilícitos e a utilização de estruturas do Estado, em especial as polpudas linhas de financiamento do BNDES, para encher os bolsos do ex-presidente e de sua família. Desta vez, o artífice das maracutaias é um sobrinho do petista, e até plano de saúde de um irmão de Lula pode ter entrado na conta da propina.

Lula já responde a outros dois processos, nos quais figura como réu: por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, no caso dos notórios tríplex do Guarujá e sítio de Atibaia; e de obstrução de Justiça, na tentativa de impedir que Nestor Cerveró, na condição de ex-diretor da Petrobras, revelasse aos investigadores do MP e da Polícia Federal o que sabe sobre o petrolão.

As novas suspeitas de irregularidades ora investigadas pelo MP vão tão longe que, também nesta semana, o BNDES decidiu alterar seus procedimentos referentes a financiamentos no exterior. O banco suspendeu repasses de US$ 4,7 bilhões relacionados a contratos de empreiteiras em nove países, como Cuba, Venezuela e Angola – onde está a obra objeto da nova denúncia contra Lula.

Na lista do BNDES, estão 25 operações que podem ter funcionado como sorvedouro de dinheiro público nos governos do PT. O valor envolvido representa quase metade da carteira de exportação de serviços do banco – das operações feitas nos últimos dez anos, 82% foram direcionadas à Odebrecht, concluiu o TCU recentemente. Foi aí, nesta montanha de dinheiro, que Lula nadou de braçada e agora corre o risco de afogar-se, sufocado por sua comprida ficha corrida.