Opinião

“A luta por uma educação não machista”, de Nathalia Cordeiro Tupan

Arquivo pessoal de Nathalia Tupan

Arquivo pessoal de Nathalia Tupan

Todos sabemos que vivemos em uma sociedade oriunda do patriarcalismo, onde a figura do homem pautada em sua soberania e na dominância da entidade familiar ainda prevalece nos tempos atuais.

Se nos deslocássemos no tempo para observar o papel da mulher dentro da formação da família veríamos uma mãe submissa ao patriarca que educava filhas submissas também, que após o casamento simplesmente trocavam a figura do patriarca pela do “senhor marido”. Veríamos estas mesmas mães educando seus filhos homens para se tornarem líderes, senhores, homens bem-sucedidos não só na formação da família, mas também em seu papel junto a sociedade como um todo. Sempre, independente de filho homem ou filha mulher, era das mães o papel de prover a criação, a educação dos filhos e o cuidado com eles.

Na atualidade vemos estas mesmas mães que, além do papel de criar, educar e constituir o caráter de seus filhos, saíram de suas casas, de seus bordados e suas compotas para assumir o papel de patriarca no que tange ao provimento financeiro de um lar, com longas jornadas de trabalho, obrigações junto a sociedade tais quais os homens têm. Então vem a pergunta: Por que estas mulheres continuam criando filhos machistas? Que um dia poderão violentar outras mães, torturar psicologicamente outras mulheres e prejudicar não só o gênero feminino, mas a sociedade como um todo.

A questão é cultural, nós mulheres nascemos com algo arraigado em nosso âmago e é por aqui, dentro de nós, que vamos iniciar o fim do machismo.

Temos que dizer aos nossos meninos que eles podem chorar, podem ser gentis, fazer trabalhos domésticos e, principalmente, o significado da palavra NÃO. Temos que ensinar às nossas meninas, que elas podem ser fortes, não gostar de bonecas, que podem escolher qualquer profissão e principalmente que têm todo o direito de dizer NÃO.

Com certeza não podemos dizer que a culpa é só nossa, porque o pai também tem sua responsabilidade na criação do filho, e ele tem que entender que nem mães nem pais podem criar seus filhos meninas e meninos de forma diferente.

Nós, mulheres, temos que ser mais fortes do que nunca, para que os pais dos nossos filhos também entendam que essa cultura deve ser mudada, precisamos de união e principalmente esclarecer que homens e mulheres têm o mesmo papel na sociedade, inclusive dentro da família.

O pai também tem que buscar e levar o filho na escola, fazer a lição de casa, levar ao médico, colocar para dormir, etc. E mais do que tudo: de ensinar com seu exemplo, de ensinar ao filho homem que as mulheres merecem respeito; de demonstrar à sua menina o quanto ela é especial, dando-lhe amor e atenção.

Só assim, com esta mudança cultural na criação de nossas crianças é que poderemos combater efetivamente o machismo, não lançando ao mundo novos machistas.

Até porque como disse Nathalie Loiseu diplomata francesa e presidente da Escola Nacional de Administração (ENA) da França: “Todo machista tem mãe. ”

*Nathalia Tupan Carvalho é publicitária, estudante do 5º ano de direito. Militante do PSDB, membro da Frente das Jovens Tucanas do Brasil, Secretária de Comunicação da JPSDB – PR.