Ao longo de 13 anos de governos do PT no comando do país, a Eletrobras – estatal do setor elétrico – sofreu um desmonte e foi vítima de um esquema de corrupção similar ao “petrolão”, que atingiu a Petrobras. A principal empresa pública do setor elétrico no país tem uma dívida cada vez mais vultuosa, gastos desnecessários com servidores causados pelo aparelhamento da empresa e desvios milionários de recursos públicos, entre diversos outros problemas.
Apesar de não ser tão elevada quanto a dívida da Petrobras (atualmente, de pouco menos de R$ 400 bilhões), o que chama atenção nos valores devidos pela Eletrobras é a trajetória de crescimento nos últimos anos. De acordo com um levantamento realizado pela Economatica e publicado em matéria do portal G1 em abril, entre 2009 e 2015, a dívida da empresa praticamente foi duplicada, passando de R$ 25 bilhões para R$ 48 bilhões.
Na visão do secretário-geral do PSDB, o deputado federal Silvio Torres (SP), o que vem acontecendo com a Eletrobras é apenas mais um capítulo da má gestão das estatais típica dos governos petistas. Para ele, o modelo de administração das empresas públicas implantado pelo PT deixou as empresas estatais vulneráveis a corrupção.
“A situação da Eletrobras é bastante semelhante, quase idêntica, à situação das estatais sobre as quais o governo do Lula e da Dilma exerceram um controle total”, pontuou o tucano. “Um controle porque queriam, como quiseram, se utilizar disso para aparelhar as empresas estatais, tirar o viés de governança mais profissional, para poder colocar pessoas ligadas ao partido”, emendou.
Aparelhamento
O aparelhamento sofrido pela instituição ficou ainda mais evidente após a revista Veja revelar, na última segunda-feira (29), que a Eletrobras tem aproximadamente 15 mil funcionários a mais do que o necessário para o seu pleno funcionamento. A revelação também foi alvo de duras críticas de Silvio Torres.
“Além do desvio de recursos, as empresas sofreram com essa superlotação de funcionários contratados, o que inviabiliza qualquer empresa, tira a eficiência, os resultados são comprometidos. E uma empresa como a Eletrobras é uma empresa de mercado, que tem ações no mercado, que lida com outras empresas que têm mercado, então no momento em que a Eletrobras sucumbiu, como está se vendo, ela afetou o setor de uma forma geral”, argumentou o secretário-geral do PSDB. “Toda essa gama de irregularidades, de ilegalidades, de promiscuidade entre o dinheiro público e partidos que levou o Brasil a situação que nós estamos vivendo”, acrescentou.
Eletrolão
Os problemas econômicos vividos pela estatal podem ser explicados pelo esquema de corrupção implantado na Eletrobras, responsável por milionários desvios que abasteceram os cofres do PT e de seus aliados. Em delação premiada, executivos da empreiteira Andrade Gutierrez revelaram que cerca de R$ 150 milhões em propina foram pagos pelas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. De acordo com reportagem da revista Exame de junho deste ano, o ex-ministro Antonio Palocci teria sido um dos responsáveis por pedir os repasses ilegais, segundo depoimento do empresário Otávio Marques Azevedo, presidente afastado da Andrade Gutierrez.
As obras envolvendo a construção da usina de Angra 3, outro importante empreendimento do setor energético nacional, também são permeadas por irregularidades. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), somente o alto escalão da Eletronuclear recebeu R$ 26,4 milhões em propinas das obras da usina. A irregularidades são alvo da Operação Irmandade, nova fase da Lava Jato que investiga o esquema de propinas e desvios de recursos nas de Angra 3. Para o MPF, um sistema de caixa dois com empreiteiras permitiu o pagamento de R$ 178 milhões em subornos.
Silvio Torres acredita que as investigações da Lava Jato estão apenas começando a revelar o que de fato aconteceu na estatal durante as gestões petistas. “Não sobrou nenhum setor, como nós estamos vendo agora, quando o iceberg está emergindo. Estamos vendo que não sobrou nada”, lamentou o parlamentar.