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“Não estamos aqui elegendo o presidente Temer, estamos defendendo a Constituição”, afirma Aécio sobre impeachment

Foto: George Gianni/PSDB

GHG_4144O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), defendeu nesta terça-feira (9) a legalidade do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, que está sob análise do Senado. Ao afirmar que sua aprovação não representa a eleição do presidente em exercício Michel Temer, Aécio disse que o PSDB e os demais partidos favoráveis ao impeachment estão “defendendo a Constituição” – uma vez que a petista cometeu crime de responsabilidade fiscal e, por isso, deve ser afastada em definitivo da Presidência da República.

Os senadores do PSDB abriram mão de discursar na sessão plenária do Senado que decide nesta terça se Dilma deve se tornar ré no processo de impeachment para garantir agilidade ao julgamento. Confira abaixo a entrevista concedida pelo presidente nacional do PSDB em meio à sessão plenária.

Entrevista coletiva – Senador Aécio Neves

Com o gesto do PSDB de abrir mão de cada senador se manifestar nessa etapa para que, o mais rapidamente possível, o Brasil se dê uma nova chance. O que queremos é que esse processo se encerre. O Brasil precisa disso. Essa instabilidade, essa incerteza, tem efeito na vida das pessoas, no recuo dos investimentos por parte das empresas, em consequência na geração de empregos. Há, na verdade, sempre uma grande inquietude em relação ao futuro do país.

O encerramento desse processo se impõe como uma etapa absolutamente fundamental para o Brasil reencontrar-se com a esperança, com a expectativa de futuro. Cada um votará conforme suas convicções, sua confiança e fiquei muito honrado dos senadores do PSDB – até mesmo pela agilidade do processo – declinarem de se manifestar. Vão deixar para se manifestar na última etapa. E todos votaremos com o relatório do senador Anastasia, pela sua consistência.

A partir do texto do relatório do senador Anastasia em relação ao cometimento de crime por parte da senhora presidente da República e, portanto, o que levará ao seu afastamento e tive a honra de poder externar esse sentimento em nome desses senadores.

Porque, de um lado, o crime leva a esse processo e ao afastamento da presidente, mas esse crime cometido por ela levou a algo muito mais danoso, muito mais perverso, que é o desemprego crescendo no Brasil, a nossa perda de capacidade de competição, nossa perda de grau de investimento, as empresas fechando no Brasil, nossas empresas estatais deterioradas, assaltadas por esse grupo político.

Então, as pessoas perguntam muito: o que esse processo de impeachment tem a ver com a vida das pessoas? Tem a ver que a irresponsabilidade fiscal, a ocupação partidária das nossas empresas públicas, levaram o Brasil à maior crise econômica e social da sua história. Estamos dizendo que quem cometeu esse crime deve ter sanção e essa que é prevista na Constituição, que é o afastamento definitivo da presidência da República.

– Os partidos que defendem a presidente Dilma insistem em uma investigação em torno do presidente em exercício Michel Temer, como o sr. analisa isso? 

Uma questão não tem nada a ver com a outra. Não estamos aqui elegendo o presidente Michel Temer. Estamos cumprindo a Constituição. Investigações terão que haver sobre qualquer denúncia minimamente consistente que surja. Não sei nem se já surgiu. O que estamos fazendo aqui é cumprindo a Constituição.

Houve a constatação, depois de inúmeros depoimentos, perícias, aprovado pela maioria da Comissão do Impeachment, de que a presidente da República cometeu crime. Está constatado. A maioria dos senadores compreende que houve cometimento de crime. Temos duas opções: pune-se o crime ou não se pune o crime? Defendemos que se puna o crime.

Aqueles que defendem a presidente Dilma querem criar um salvo-conduto, como se a presidente pudesse, principalmente em período eleitoral, fazer o que fez e continuar a fazer no ano seguinte.

Acho que é uma grande lição de democracia. Nós, ao contrário do que dizem os liderados da presidente da República, estamos defendendo a Constituição. Porque tudo isso vai passar. Esse processo vai terminar. Depois vamos ter outra eleição em 2018, mas o que vai ficar claro para qualquer governante, os de agora e os do futuro, é que: ou cumpre-se a lei ou é penalizado por isso.