Opinião

“O papa sabe das coisas”, Solange Jurema

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Foto: Tarde com Maria

A escolha do cardeal arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, como Papa, surpreendeu o mundo. Primeiro sul-americano e jesuíta eleito papa, ele adotou o nome de Francisco para sinalizar a toda a humanidade suas origens, suas crenças, o caminho da humildade e do reconhecimento que queria seguir.

Em apenas três anos de pontificado, Francisco adotou práticas e discursos inovadores, que incomodaram clérigos tradicionais, conservadores e indiferentes à atual realidade do mundo moderno.

Semana passada, o Papa Francisco inovou mais uma vez: escolheu para ser porta-voz do Vaticano uma jornalista espanhola de 40 anos, quebrando uma tradição secular do cargo sempre ser ocupado por homens.

Paloma Overejo assumirá o segundo cargo mais graduado de comunicação do Vaticano, o de vice-diretora da sala de imprensa. Com a mesma humildade de seu superior, Paloma se dispôs a colaborar com ele em qualquer função ou atividade.

O Papa Francisco sabe reconhecer o valor do trabalho competente e eficiente da mulher. Mas não só isso. Suas opiniões, avaliações dos dias de hoje são pertinentes e contundentes.

Por diversas vezes o papa Francisco já disse que a Igreja deve pedir desculpas aos gays ofendidos no passado e, em 2015, o Vaticano divulgou um documento em que reconheceu oficialmente que os homossexuais têm “dons e qualidades a oferecer”.

Documento certamente inspirado por suas declarações no Brasil, em 2013, em que pregou que a Igreja deve acolher todas as pessoas, independentemente de sua opção sexual: “Se uma pessoa é gay, procura Jesus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”, respondeu.

Na mesma linha de raciocínio de perdão, o Papa Francisco disse que a Igreja deve pedir perdão também às crianças exploradas com o trabalho forçado, que ainda ocorre em algumas regiões do Brasil, e também às mulheres.

Em sua viagem ao Rio o Papa Francisco também já acenara para novas funções para a mulher na Igreja, inclusive os de lhe dar maior relevância. “É preciso trabalhar mais sobre a teologia da mulher”, ponderou. E sinalizou com a possibilidade das mulheres poderem ministrar alguns atos como o batismo, distribuir comunhão e realizar casamentos.

Recentemente, defendeu que a Igreja deva aprofundar mais a discussão da questão feminina na mesma, sob o risco de não poder entender a própria Igreja. “A Igreja é mulher. Igreja é uma palavra feminina. Não se pode fazer teologia sem essa feminilidade.”

O Papa sabe das coisas.

 

*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB