Brasília (DF) – O aparelhamento político promovido pelo PT na Empresa Brasil de Comunicação (EBC) produziu gastos milionários, que chegam a R$ 750 milhões ao ano. A estimativa é que cerca de R$ 6 bilhões tenham saído do bolso dos contribuintes brasileiros para os cofres da empresa desde sua criação, em 2008. O problema é que, concebida como um meio de comunicação pública aos moldes da BBC britânica, a EBC acabou se perdendo em meio à propaganda política para o PT. Aliados do partido e da presidente afastada Dilma Rousseff firmaram contratos milionários com a empresa, numa conta repassada aos cofres públicos.
Para os deputados federais Vitor Lippi (PSDB-SP) e Nilson Pinto (PSDB-PA), o proselitismo político que tomou conta da EBC durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente afastada Dilma Rousseff representa um desserviço à comunicação pública do país. Os parlamentares destacaram o elevado gasto público em uma empresa que foi claramente desviada da sua função.
“Essa é mais uma herança maldita do PT, mais um desserviço em função do país. Ele gasta de uma forma abusiva e o que é pior: com a intenção de uma utilização político-partidária e eleitoral, ou seja, trabalha em função não de um governo, mas muito mais de um partido, em uma questão muito mais ideológica. Isso precisa ser corrigido. O Brasil não consegue suportar e nem pode aceitar gastos dos recursos públicos com essa finalidade tão estranha ao interesse público. Esperamos que isso seja corrigido, seja adequado à realidade do Brasil”, afirmou Lippi.
O tucano ressaltou que não é contrário à existência de uma empresa pública com a finalidade de comunicar, mas que ela precisa estar absolutamente voltada aos interesses nacionais. Vitor Lippi levantou ainda a necessidade de uma apuração do Ministério Público, para verificar se a utilização dos recursos públicos na empresa não foi, em alguns momentos, indevida.
“A comunicação social do governo, a comunicação com a preocupação de levar educação, levar cidadania, são questões importantes para o país. Mas não dessa forma, em que a gente vê um volume absurdo de recursos, e o que é pior, sem um compromisso com as finalidades para que a empresa foi criada”, reiterou.
Empresa desvirtuada
Em artigo publicado nesta quarta-feira (8) no portal da revista Época, o cientista político Fernando Schüler analisou alguns exemplos da programação da TV Brasil. Das 103 entrevistas realizadas no programa semanal Espaço Público, entre maio de 2014 e maio de 2016, 71 foram feitas com convidados políticos, intelectuais ou ativistas abertamente partidários do governo petista. Apenas três eram da oposição, um deles o atual líder do governo Temer no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Já no dia 11 de abril deste ano, a TV chegou a transmitir durante horas um comício petista contra o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, no Rio de Janeiro, dando ênfase a um discurso proferido pelo ex-presidente Lula, investigado pela Operação Lava Jato. Tudo isso apesar da lei de criação da própria EBC, que diz que é expressamente “vedada qualquer forma de proselitismo na programação”.
Desperdício de recursos
O deputado Nilson Pinto lembrou que a EBC se distanciou completamente dos seus objetivos, desperdiçando recursos públicos pelo caminho.
“A EBC, quando foi criada, se propôs a ser uma BBC, aos moldes da empresa britânica, mas ficou absolutamente distante da BBC. A BBC presta um serviço público de qualidade, tem audiência internacional e é isenta. A BBC serve ao cidadão inglês e ao cidadão do mundo, com informações confiáveis, por isso tem credibilidade. A nossa EBC, pelo contrário, trilhou o caminho do proselitismo político, da defesa ideológica de um governo indefensável, perdeu credibilidade, por isso não conseguiu sequer aglutinar audiência, e o dinheiro gasto nela foi um dinheiro jogado fora”, salientou.
“É um dinheiro do contribuinte que falta na educação, falta na saúde, falta na segurança, falta nos investimentos de infraestrutura. Falta para todos os setores da vida nacional. Não há o que chorar. Infelizmente o gasto foi feito, um gasto terrivelmente mal feito”, constatou.
O parlamentar acrescentou que não há necessidade para um aporte da magnitude de R$ 750 milhões ao ano na EBC, “a não ser que se queira fazer proselitismo político”.
“Não creio que essa seja a intenção nem a função do governo Temer. Ele surgiu com o objetivo de dar os primeiros passos da modernização do país, e não pode se apegar a uma coisa atrasada como esta proposta, que é a proposta da EBC”, completou.