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Mônica Yassuda, psicóloga: ‘Nem todos querem ser superativos aos 70’

Elderly Man Holding Cane --- Image by © Heather Hryciw/Corbis
Foto: Corbis

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Especialista em envelhecimento, professora da USP veio ao Rio para participar de evento de neuropsicologia na PUC

POR DANIEL GULLINO

“Sou de São Paulo. Faço 50 anos este ano. Formei-me em Psicologia Clínica, na USP. Fiz mestrado e doutorado na Universidade da Flórida, onde morei por dez anos. Dou aulas nos cursos de Gerontologia da USP e da Unicamp. E na pós-graduação de Neurologia da USP, sempre trabalhando com temas de demência, treino cognitivo e reabilitação.”

Conte algo que não sei.

A população brasileira está envelhecendo rapidamente, e o Brasil, nas próximas décadas, vai ter um grande número de pessoas com demência. Hoje, as universidade públicas já estão formando profissionais, gerontólogos, que fazem uma graduação inteira voltados para a questão do envelhecimento. Eles recebem informações a respeito do envelhecimento psicológico, biológico e social.

É melhor para um idoso ser cuidado pela família?

É extremamente desgastante cuidar de pacientes com demência. Se a pessoa está disponível e deseja assumir esse papel, pode ser bastante gratificante. Mas se não tem desejo, não tem tempo, pode ser muito ruim, tanto para o idoso, quanto para o familiar. Agora, mesmo que cuidadores venham a ser contratados, a presença do familiar é muito importante, para avaliar o cuidado.

E ir para asilos, é positivo?

Os idosos tendem a preferir ficar em casa. Mas temos que avaliar se é viável. Se a pessoa mora sozinha, ou se a família não tem dinheiro para ter uma equipe de cuidadores. É caro. A pessoa com demência não pode ser deixada sozinha. É sempre muito difícil ter que se despojar dos seus pertences e passar a viver num ambiente comunitário. É um momento de luto.

Por que nós perdemos a memória?

A estimativa de demência na população com mais de 60 anos é de 7%. Entre octogenários e nonagenários, fica entre 30% e 50%. Mas temos pelo menos 50% que não desenvolvem demência. Sempre questionamos: se as pessoas vivessem até 120, 130 anos, todas demenciariam? É possível viver muito na total preservação da cognição? Parte do que chamamos de demência não é envelhecimento cerebral?
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