Os governos Dilma e Lula tiveram na sua base de apoio vários movimentos sociais, entre eles, os movimentos feministas e LGTB.
Contudo, uma ministra como Kátia Abreu, nada tem a ver com as lutas feministas e tampouco representa qualquer tipo de avanço para esse movimento. Muito diferente é a trajetória da ex-ministra Eleonora Menicucci, que tem um histórico de luta ligado ao movimento de mulheres, o que, aliás, a própria Dilma nunca teve.
Não basta ser mulher, tem que participar.
A Secretaria de Políticas para Mulheres não foi uma inovação do governo PT, foi criada e coordenada por Solange Jurema, no governo FHC. O fato é que a secretaria promoveu uma série de ações que contemplavam as demandas dos movimentos de mulheres, como a criação da Lei Maria da Penha, entre outras ações extremamente positivas, mas nunca encararam o problema do direito ao aborto de frente, por medo de perder o apoio da igreja e da população cristã, essa é uma demanda fundamental do feminismo mundial, sem a qual a cidadania das mulheres permanecerá incompleta. Embora importante, a política para mulheres não era, em si mesma, prioridade absoluta do governo ora em suspenso.
Ao contrário da diversidade de vitrina exibida pelo governo Dilma, o presidente interino não se apoia nos movimentos sociais e não se preocupou em diversificar incluindo raça e gênero no seu gabinete ministerial. À primeira vista, isso pode parecer um retrocesso, mas é presença de uma figura como Flavia Piovesan confere uma credencial de seriedade e compromisso com as demandas sociais das feministas, sobretudo no que tange o direito ao aborto.
Mesmo com aparência negativa, parece bastante precipitado inferir que haverá retrocesso nos direitos conquistados pelas mulheres no país.
*Loreley Garcia é cientista política