Opinião

“O fracasso de Dilma não macula as mulheres”, por Terezinha Nunes

Foto: PSDB-PE

Foto: PSDB-PE

Escolhida pelo ex-presidente Lula como sua sucessora na eleição de 2010, a presidente Dilma foi apresentada, na época, como representante do sexo feminino na política. Objetivo era conquistar a simpatia das mulheres que representam 52% do eleitorado nacional.

O próprio Lula não deixou dúvidas ao apelida-la de “mãe do PAC” e, entre os nordestinos, o PT espalhou ser Dilma “a mulher de Lula”, uma maneira de vencer a resistência de um público beneficiado pelo bolsa família e que nunca tinha ouvido falar da candidata.

O esquema deu certo ao ponto de Dilma ter obtido em duas eleições no Nordeste quase o mesmo percentual de Lula, que é nordestino, inclusive em 2014 quando a região efetivamente garantiu sua vitória apertada no pleito presidencial.

Em busca de seu espaço na política, onde atualmente ocupa pouco mais de 10% das vagas eletivas nos parlamentos e no poder executivo, as mulheres brasileiras criaram confiança com a eleição de Dilma mas, já naquela época, temiam que um fracasso dela levasse junto esse sonho.

É certo que Dilma jamais chegaria à presidência se não tivesse desempenhado o papel que desempenhou, de candidata do bolso do colete de Lula, “um poste” como se fala popularmente.
Uma mulher para chegar à presidência sem passar antes pelas Câmaras de Vereadores, Assembleias, Câmara Federal ou ainda pelos cargos de prefeito, governador ou senador era e é algo inimaginável.

O resultado foi o fracasso que se vê agora. A presidente, à beira de ter seu impeachment decretado, está para deixar o cargo com a fama de autoritária, incompetente, difícil no trato, fora outras alegações mais como é a questão das pedaladas fiscais.

Essa derrocada de Dilma, vai macular o sonho das mulheres brasileiras de cada vez mais ocupar o espaço político?

Hoje é difícil chegar a uma conclusão mas há algo latente nessa história toda a favor do sexo feminino. É o fato dos políticos homens – sobretudo eles – estarem nesse momento entre os maiores participantes da rede de corrupção que assombra o Brasil.

Um exemplo disso foi a última pesquisa do Datafolha sobre intenção de voto para presidente onde outra mulher, Marina Silva, está entre os três nomes preferidos dos eleitores. Não se sabe se após uma campanha acirrada o quadro seria o mesmo mas já é um indicativo de que o sexo feminino não parece tão abalado na cabeça dos eleitores.

O cientista político pernambucano Antonio Lavareda, um grande analisador de pesquisas, pondera que, após tudo que o Brasil presenciou nos anos recentes, “ o perfil que o eleitorado busca agora é de pessoas éticas, independente de sexo”.

Ele acha que a dêbacle de Dilma, até prova em contrário, pode não macular as mulheres, vindo até a fortalece-las na medida em que ocorre no meio da operação Lava Jato e as mulheres são tidas como mais éticas do que os homens.

Nesse ponto elas entram na corrida eleitoral até com mais vigor do que antes.

*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher de Pernambuco

** Da Assessoria do PSDB Mulher de Pernambuco