A alta do desemprego no Brasil vem afetando toda a população, mas nenhum grupo é tão prejudicado quanto os jovens. Dados da última Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, divulgada em março, mostram que a taxa de jovens entre 18 e 24 anos que estão desempregados superou, pela primeira vez em nove anos, a marca de 20%.
Realizado nas seis principais regiões metropolitanas do país – Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre – o levantamento revela que 90 mil jovens brasileiros perderam seus empregos apenas em fevereiro. A dificuldade de inserção dessas pessoas no mercado de trabalho se deve, na visão do economista e deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), aos graves erros da política econômica implantada pelo governo de Dilma Rousseff.
“Infelizmente, nesse 1º de maio, o trabalhador não tem o que comemorar. O Brasil vive a maior recessão desde 1930. Teremos, em 2015 e 2016, dois anos seguidos de forte crescimento negativo, em torno de 4%. Isso representa queda de renda, queda no nível do emprego, e quem sofre são as novas gerações, que chegam no mercado de trabalho sem experiência, mas precisando construir alternativas para sua vida”, avaliou o tucano.
“Nós estamos com 10% de desemprego. Até o final do ano, infelizmente, [o índice] crescerá para 11%, então serão 11 milhões de brasileiros desempregados, sendo que o desemprego entre os mais jovens é ainda maior. Isso se deve aos equívocos de política econômica cometidos pelos governos do PT a partir de 2008”, acrescentou.
Os problemas enfrentados pela educação brasileira também contribuem para a alta taxa de desocupação entre jovens. Uma das principais bandeiras petistas, o Pronatec, programa desenvolvido para aumentar o acesso dos jovens ao ensino técnico e ao emprego, vem sofrendo com consecutivos cortes em seu orçamento e na quantidade de vagas ofertadas – em 2016, o programa terá uma dotação de R$ 2,1 bilhões, menos da metade dos R$ 4,6 bilhões gastos no ano anterior. Para Henrique Vale, presidente da Juventude do PSDB, a falta de investimentos na educação “contribui imensamente” para o alto número de jovens sem emprego.
“O que falta ao jovem em relação ao empregado mais velho é justamente a experiência e a qualificação. Então, qualquer tipo de projeto que vise reduzir o desemprego entre os jovens vai ter que atacar duas vertentes: o número de cursos, sobretudo profissionalizantes, melhorando a qualidade deles – que é o principal problema do Pronatec, além do fato de que os recursos estão sendo cortados – e, do outro lado, intensificar todos os projetos que busquem garantir o primeiro emprego”, salientou.