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Um governo sem ministros: às vésperas da votação do impeachment, Esplanada tem sete cargos vagos

esplanadaBrasília (DF) – A estratégia da presidente Dilma Rousseff de se manter no cargo a qualquer custo deixou em último plano a preocupação com a administração pública. Às vésperas da votação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, a presidente já não governa e conta com uma base aliada esvaziada, assim como a Esplanada dos Ministérios. Já são sete pastas sem ministros, e o número pode aumentar até o final dessa semana.

Para o deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE), o esvaziamento da Esplanada é o retrato de um governo que perdeu a sua base política e não consegue mais gerenciar seus quadros.

“É o retrato da derrocada do governo petista, a síntese de tudo o que a gente está vendo nos últimos 15 dias: o governo perdendo apoios importantes e ninguém querendo aparentemente assumir a responsabilidade. É um governo que chegou ao seu final. É hora de começarmos a olhar para o futuro, para que se possa montar uma nova base política em torno do governo que deverá surgir a partir de domingo”, afirmou.

O parlamentar destacou que o fracasso da política petista e o isolamento de Dilma Rousseff se deve a políticas exclusivistas e à incapacidade de dialogar com a sociedade.

“A presidente fala em pacto agora com as forças políticas, mas devia ter feito isso lá atrás. Agora já não tem mais condições de conduzir qualquer tipo de pacto em favor do Brasil. O governo perdeu a capacidade de liderar, de ter uma agenda, de unificar uma base política em torno de qualquer coisa. São erros em cima de erros de um governo arrogante, que não teve capacidade de dialogar nem com as forças políticas, nem com a própria sociedade. Isolamento é a palavra que define bem esse momento”, completou o tucano.

As pastas sem ministros

Uma das pastas mais importantes da Esplanada dos Ministérios, a Casa Civil está sem representante. Nomeado como ministro, o ex-presidente Lula foi impedido de tomar posse do cargo após diversas ações populares serem protocoladas na Justiça Federal. A nomeação foi uma tentativa de livrar o petista das investigações da Operação Lava Jato, conduzidas em primeira instância pelo juiz Sergio Moro. Caso fosse efetivado como ministro, Lula teria direito a foro privilegiado, só podendo ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Já a situação do ministério da Justiça está indefinida. O procurador Wellington César Lima e Silva teve a sua posse anulada pelo STF já que, no entendimento da Corte, nenhum membro do Ministério Público pode assumir funções públicas além do magistério. Pelo mesmo motivo, o seu sucessor, Eugênio Aragão, também teve sua nomeação suspensa. Só que a sentença foi revogada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), reintegrando Aragão ao cargo. A matéria deverá agora ser decidida pelo STF.

Os ministérios do Turismo e Integração Nacional também estão vazios. Os ex-ministros Henrique Eduardo Alves, do PMDB, e Gilberto Occhi, do PP, entregaram seus cargos após o desembarque de seus respectivos partidos da base aliada do governo. Às vésperas das Olimpíadas no Brasil, o Ministério do Esporte também está sendo conduzido interinamente, após a saída de George Hilton, do PROS.

Nesta quarta-feira (13/04), os ministros Celso Pansera (PMDB), da Ciência Tecnologia e Inovação, e Marcelo Castro (PMDB), da Saúde, pediram exoneração de seus cargos para poderem votar no processo de impeachment, no próximo domingo. Os outros quatro ministérios sob o comando do PMDB, que deixou a base aliada de Dilma Rousseff, também correm o risco de serem esvaziados, já que poderão ser negociados pelo governo em troca de votos contra o impeachment. São eles Minas e Energia, Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Aviação Civil e a Secretaria de Portos.