O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, um dos protagonistas do escândalo do mensalão, recebeu entre 2007 e 2013 um total de R$ 235,4 mil da empresa Mil Povos Consultoria LTDA – pertencente a um ex-diretor da CUT, e contemplada com recursos do Instituto Lula. É o que mostra mais um fato apurado pela 27ª fase da Operação Lava Jato.
Os pagamentos foram feitos quando Delúbio já tinha sido julgado e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha no caso do mensalão. As informações são da matéria publicada hoje (6) pelo jornal Folha de São Paulo.
De acordo com as investigações, a verba da Mil Povos era a maior fonte de recursos de Delúbio.
A empresa está no nome de de Kjeld Jakobsen, ex-secretário municipal de São Paulo, ex-diretor da CUT e atual diretor da Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT.
As suspeitas na relação entre Delúbio e a Mil Povos não param por aí. A Mil Povos também aparece na lista de beneficiários de pagamentos do Instituto Lula, com um total recebido de R$ 162,5 mil.
Outra fonte de renda do ex-tesoureiro petista veio da empresa holandesa Crown Holding e Aquisições, que pagou a ele R$ 214,3 mil de 2009 a 2011. O empreendimento está registrado em Minas Gerais e é controlado por José Antônio Soares Pereira Júnior, que também é personagem citado no mensalão.
A movimentação financeira de Delúbio no ano de 2014 também gerou dúvidas nos investigadores. De acordo como o relatório da quebra do sigilo, ele recebeu a R$ 1,2 milhão de doações de pessoas físicas e declarou o valor como sendo da campanha de arrecadação para pagamento da multa imposta pelo Supremo. Os nomes dos doadores de 23% da quantia não constam no documento da Receita Federal.
O relatório da Receita aponta que Delúbio fez duas doações para colegas condenados: R$ 143 mil para o ex-ministro José Dirceu e R$ 390 mil para o ex-deputado João Paulo Cunha.