A semana já começa com cara de quarta-feira, com os jornais comentando as várias manifestações que acontecem no país desde que Dilma Rousseff decidiu nomear o ex-presidente Lula ministro-chefe da Casa Civil. Também está na pauta o repugnante leilão de cargos e verbas com que a presidente da República tenta segurar políticos, para evitar que votem contra ela na Câmara dos Deputados, em um impeachment cada vez mais certo, e a debandada destes mesmos políticos, que parecem decididos a não pular com o PT no precipício do ostracismo.
Ninguém governa o Brasil há meses; desde que a presidente Dilma resolveu dedicar 100% de seu tempo à tentativa, cada vez mais inútil, de tentar salvar seu mandato. Em uma espiral cruel, que conjuga em uma mesma frase depressão econômica com alta de preços de gêneros de primeira necessidade e desemprego, já perto da casa de dois dígitos, era questão de tempo até que uma notícia como a da capa de hoje da Folha de S.Paulo aparecesse. “Com queda de repasses, prefeituras fecham escolas e demitem servidores”.
Consequência cruel do momento que vivemos, esse é o exemplo perfeito de um país em crise: com a queda da arrecadação de impostos, causada pela depressão, por sua vez motivada pela péssima gestão do governo federal, esse mesmo governo, causador de toda a confusão, repassa menos dinheiro, via Fundo de Participação dos Municípios – FPM, às prefeituras que, sem essa verba, se veem na condição de “Estamos vendendo o almoço para comprar a janta”, desabafa o prefeito Antônio Godinho (PMDB), de Presidente Olegário (MG), cidade com 19 mil habitantes.
É justo? Claro que não. Há muito nada é justo, legítimo ou sequer legal nessa administração que subiu ao poder há 14 anos, prometendo um país com justiça social e igualdade. Um país em que nenhum brasileiro iria dormir com fome, segundo o então presidente Lula.
Em meio a tantos famintos e desempregados, vítimas indefesas da corrupção avassaladora que tomou conta das instituições brasileiras de maneira nunca vista antes. Em um país que demonstra não ter esperança ou vontade para sair da crise, enquanto esse governo conivente e omisso continuar no poder; há apenas uma pergunta a ser feita. Até quando?
*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB