A questão do empoderamento e emancipação feminina é tema recorrente em todas as mídias atualmente, e o DISCURSO de que a mulher tem mesmo que lutar por seus direitos, permeia, desde aquela trivial e agradável conversa de bar, até os mais tradicionais espaços acadêmicos, tornando todos nós “especialistas” na temática.
Contudo, na relação entre renda e gênero, por exemplo, item de significativa importância para a emancipação feminina, observa-se uma acentuada discrepância que se perpetua, denunciando a distância entre o discurso e a prática. Em novembro passado, a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgou estudo que reúne dados de 46 países, onde aponta, que uma mulher brasileira com educação superior, recebe salário em média 38% menor que o salário de um homem com a mesma escolaridade. Entre os países pesquisados, Brasil e Chile, aparecem empatados em primeiro lugar no vergonhoso podium da desigualdade.
Considerando que 39.8% dos lares brasileiros, são chefiados por mulheres, conclui-se que esta diferença para menos, impacta diretamente em áreas como saúde, educação, moradia, alimentação, lazer, qualidade de vida e na própria cidadania e dignidade da mulher.
Diante do desafio de lutar contra tudo isso, a mulher ainda precisa encontrar um equilíbrio entre as demandas do trabalho e a vida familiar.
Esta não é a única ou a mais importante questão, os números da violência contra a mulher, aumentam consideravelmente a cada dia e as leis, mesmo sendo um avanço não têm dado conta de impedir que estes crimes continuem acontecendo e vitimando mulheres, adolescentes e meninas, deixando para trás um rastro de impunidade e um sentimento de impotência que temporariamente nos incapacita.
Entretanto mesmo perplexas, seguimos lutando. Sabemos que mudanças são processos e que não ocorrem por decreto, e que algumas ainda, acontecem a conta-gotas.
Portanto, precisamos continuar avançando mesmo que lentamente, um passo de cada vez.
A percepção dos governos e governantes sobre as questões do empoderamento feminino pode construir uma agenda positiva e proativa no sentido de priorizar repasses e criar políticas públicas, que visem a transformação deste contexto histórico predominantemente marcado por preconceitos e disparidades.
Por isso, no Paraná, as políticas sociais têm como escopo amenizar estas perdas históricas a fim de possibilitar à mulher um espaço de atuação e reflexão em busca de sua cidadania, ajudando-a na harmonização entre os inúmeros papéis que ela precisa desempenhar, ampliando a compreensão de si mesma diante do mundo e na luta pelos seus direitos. Priorizando mulheres chefes de família em situação de maior vulnerabilidade, pobreza e desvantagem social e cultural.
Se ela, a mulher, da cidade ou do campo, é quem está à frente da família, quando a empoderamos, estaremos consequentemente fortalecendo também o núcleo familiar em todas as suas instâncias.
É pensando na família e em todas as dificuldades que ela enfrenta nestes tempos de crise que nos solidarizamos com o sentimento comum que invade o coração dos brasileiros. O desejo de resgatar e reconstruir o Brasil e viver de novo em um país mais justo, mais digno e mais humano.
Independente de gênero, cor, opção sexual, raça ou credo.
Nesta data em que comemoramos a conquista do voto feminino, considerado uma das mais significativas contribuições, para garantir nossa participação no processo decisório. É pertinente lembrar que votar e ser votada, foi uma grande conquista alcançada com muita luta e persistência, um legado deixado para nós, por guerreiras que nos antecederam. Agora que chegou a nossa vez, vale perguntar – Qual legado vamos deixar para as futuras gerações?
Reconhecer, acreditar e investir no talento feminino para protagonizar mudanças necessárias no mundo é uma atitude inteligente e sustentável e é nesta direção que queremos continuar caminhando!
* Mari Pessin é Pedagoga, Mestre em Planejamento e Governança Pública e Coordenadora Estadual do PSDB Mulher – Paraná