Nesses tempos de descobertas, cada vez mais frequentes, dos malfeitos envolvendo políticos e empresários, o termo “laranja” – em mais antigo – está sendo usado para simbolizar alguém que assume as maracutaias do outro na prática de atos ilícitos praticados com o objetivo de desviar dinheiro público.
Em todos ou quase todos os desvios praticados na história recente do Brasil há laranjas de todos os tons e matizes permeando as investigações e os debates sobre o tema.
Os casos mais recentes envolvem o ex-presidente Lula. À medida que avançam as investigações da Operação Lava Jato, atingindo em cheio o maior líder do PT, vai se desnudando a manobra dos laranjas utilizados para “proteger” Lula, permitindo que ele comandasse um sítio e um apartamento tríplex reformados por empreiteiras como se não fossem seus.
Na história dos laranjas mais chinfrins em geral as pessoas utilizadas são humildes, à vezes sem endereço próprio ou mesmo residindo em casas toscas de sítios distantes ou mesmo favelas.
No caso de Lula utilizou-se empresários – como os sócios do seu filho Lulinha – ou mesmo as próprias empreiteiras, como a OAS, como compradores de fachada.
A manobra dos laranjas, porém, teria dado certo se o PT não tivesse chegado às raias do absurdo para desviar recursos com o objetivo de se manter no poder. E nesse caso, como diria Garrincha, esqueceram de combinar com os russos.
Por mais que o ex-presidente mergulhe a cabeça no buraco, como faria o avestruz da linguagem popular, mais a cauda do animal fica de fora.
Será que algum dos mortais acredita na história de que Lula e Dona Marisa foram 111 vezes ao sítio de Atibaia, nos últimos anos, enviaram para lá grande parte da mudança da família ao deixar o Palácio do Planalto, supervisionaram as obras de ampliação do sítio, sem que o imóvel fossem deles?
Alguém pode imaginar que Dona Marisa e o próprio ex-presidente acompanharam a reforma do tríplex no Guarujá, que haviam adquirido através da Bancoop, mandaram colocar um elevador e cuidavam de despistar os curiosos das visitas frequentes ao imóvel, sem que ele pertencesse à família?
É possível crer que a imprensa tenha noticiado inúmeras vezes que o sítio de Atibaia era do ex-presidente sem que Lula a desmentisse, caso o imóvel não fosse dele?
Uma verdade salta aos olhos. Quanto mais Lula e Dona Marisa criam histórias para se livrar da acusação de ocultação de patrimônio, mais as investigações e o trabalho da imprensa investigativa põem abaixo os subterfúgios e as “laranjices” utilizadas nesses e em outros casos em que o ex-presidente está metido.
Agora, quanto mais se fala e se descobre sobre os fatos citados mais se consolida o convencimento de que o verdadeiro laranja de Lula é ele próprio.
Ao contrário do laranja tradicional, que procura evitar que outros descubram a ilicitude que está praticando, Lula fez questão de, por vaidade ou comportamento de novo rico, cair na tentação. Parecia envaidecido porque os jornais estavam falando que agora ele tinha um tríplex e um sítio bem superior ao que possuía nos tempos de operário.
Ou talvez, na sua mania de grandeza do “nunca antes na história desse país”, imaginasse que jamais enfrentaria uma investigação policial e judicial. Deu com os burros n’água e levou os laranjas junto.
*Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher PE