HuffPost Brasil | De Ana Júlia Gennari
Publicado: 17/02/2016 15:38 Atualizado: 1 hora atrás
Um novo desafio no Facebook está gerando algumas polêmicas.
O Desafio da Maternidade pede a mães que elas compartilhem fotos com seus filhos para demonstrar como a maternidade as deixa feliz. E as convida a marcar outras mulheres na postagem, para que elas façam o mesmo.
A “brincadeira” viralizou pelas redes sociais, mas algumas mães feministas demonstraram incômodo com a carga de romantização colocada em cima do que é ser mãe.
Natália Pinheiro, estudante de letras da Universidade Federal de Santa Catarina, foi uma delas. Para demonstrar sua insatisfação, ela publicou um texto nesta terça (16) em seu Facebook na contramão das demais postagens. O post já alcançou mais de 2,5 mil curtidas.
“Participo do desafio, mas não endosso sua premissa. A maternidade não me faz feliz, o Yuri me faz feliz. (…) Eu não amo ser mãe em uma sociedade que reserva a mim o papel de cuidadora inata, de Maria, de culpada. Eu não amo ser mãe em um sistema que me apedreja por dizer que eu não amo ser mãe, por dizer que ser mãe é a experiência mais triste e solitária que já vivi, por falar sobre amor sem falar sobre hierarquia, por nunca deixar ninguém dizer que amar um filho é viver só por ele. Eu sou tão importante quanto o Yuri. Minha felicidade, meus sonhos e minha individualidade valem o mesmo que a felicidade dele, os sonhos dele e a individualidade dele.”
Sua postagem causou certo alvoroço. Natália foi criticada nas redes, principalmente por homens, e relatou ter sido ameaçada por alguns deles. “Me mandaram mensagens falando que eu deveria ser abortada, estuprada e morta”. Em resposta a isso ela também publicou:
A designer de moda de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Janice Mascarenhas, também escreveu sobre o assunto por esse viés mais crítico e real.
“A gente não pode romantizar a maternidade, mas a gente não pode demonizar a maternidade. precisamos sim libertar as mulheres da maternidade compulsória, mas a gente precisa também lutar por mulheres grávidas que querem ter parto normal sem intervenção, por exemplo.”
Essas reflexões são importantes para que possamos repensar o modo como enxergamos a maternidade. Cada vez mais, mães têm questionado a idealização do que é ser mãe, a fim de desconstruir estereótipos.
“Maternidade é isso? Ou é o mundo que é assim? O que tem de errado quando vocês não conseguem separar a maternidade compulsória da existência de mães vítimas da maternidade compulsória?”