Opinião

”Uma vergonha e uma frase!”, por Solange Jurema

Foto: George Gianni/PSDB
Foto: George Gianni/PSDB

Foto: George Gianni/PSDB

“Já está escrito, já está previsto
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias

Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai, não fica nada”*

O país acordou quarta-feira passada, novamente, com novas e tenebrosas notícias de políticos e empresários presos na “Operação Lava Jato”, certamente a melhor, maior e mais bem sucedida ação judicial e policial já realizada no Brasil.

Dessa vez, um banqueiro e um Senador da República, Delcídio do Amaral (PT-MS), foram presos por tentar obstruir a Justiça, na tentativa de impedir que um ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, preso, fizesse a delação premiada. Ofereceram “pensão” de 50 mil reais/mês para a família e chegaram a apresentar uma rota de fuga para ele sumir do Brasil.

A revelação desse episódio nos leva a refletir sobre o comportamento do senador e do governo petista, do qual é Líder do Governo no Senado Federal!

“Quo Vadis?”, “Aonde vais?”, em latim, uma frase inscrita no evangelho e que se encaixa perfeitamente na triste realidade política, econômica e social que a Nação vive, em todos os sentidos.

Para onde a política nacional caminha quando um partido no Poder há 13 anos se esfacela diariamente prejudicando imensamente o país e seu povo?

Qual a desculpa, agora, do PT e de seu governo, para justificar que um Senador da República tente corromper uma testemunha do mais rumoroso caso político/policial de toda a História do Brasil?

Como querer esconder que ele gozava da confiança política do anterior e da atual Presidente da República, que lhe confiou a espinhosa missão de liderar seus aliados na Câmara Alta?

Será que os petistas irão novamente aos debates, na mídia ou nos parlamentos, repetir o surrado argumento de que é mais uma conspiração contra o PT e seu governo?

De maneira oportunista, divulgaram uma nota da direção nacional tentando se desvincular, totalmente, das ações do PT, como se isso fosse possível.

É só lembrar que o maior beneficiário do petroduto de dinheiro roubado da Petrobras abasteceu exatamente as candidaturas petistas e seus aliados político-eleitorais.

Não, não há como negar que o senador petista, líder do Governo, também participou ativamente do esquema de corrupção montado pelo PT na Petrobras para saquear a maior estatal brasileira e nem tentar desassociar o partido disso.

Afinal, esse tem sido o comportamento das principais lideranças do PT nos últimos anos, especialmente depois da primeira eleição de Lula para a Presidência da República.

O senador petista se junta a interminável lista de integrantes do PT denunciados, condenados e presos desde a época do Mensalão até chegar ao Petrolão, e na Eletronuclear.

Ex-presidentes do partido, ex-tesoureiros, ex-deputados federais cerraram fileiras, não para trabalhar pelo Brasil, mas sim para pilhar os cofres públicos e desmoralizar o país e a política.

O que espanta nisso tudo é a ousadia como eles continuam agindo nos órgãos públicos, mesmo com a existência da “Operação Lava-Jato”, mesmo com a imprensa investigando, mesmo com a sociedade indignada.

O Líder do Governo no Senado desconheceu isso tudo e tentou, na surdina, articular a fuga de um condenado da Justiça para evitar que ele contasse tudo o que sabe e que naturalmente o incriminaria.

Esse descaramento na postura de petistas integrantes dos governos já havia sido detectado pela Policia Federal quando da descoberta dos desvios de recursos públicos da Eletronuclear, depois da “Operação Lava-Jato”.

Em resumo, suas atitudes ilícitas continuaram, mesmo com a prisão de companheiros de partido.

Ou seja, se comportam como uma quadrilha de marginais que, mesmo perdendo seus “cabeças” continuam agindo para roubar dinheiro público.

Mas ainda bem que o país e suas instituições apontam para onde o Brasil vai: a decisão do ministro-relator do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, de mandar prender o senador mato-grossense foi imediatamente referendada por seus pares de turma.

O voto exemplar de uma mulher, a ministra Carmen Lúcia, merece destaque porque sintetizou toda postura mafiosa do grupo com duas frases: “o escárnio venceu o cinismo”, sobre o comportamento corrupto reincidente do PT e seu governo, e “Eles não passarão sobre a Constituição do Brasil”.

Para uma vergonha desse porte, mais uma frase dela: “O crime não vencerá!”.

 

*Trecho da música “Cartomante”, de Ivan Lins

**Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB