Não se pode concordar que os crimes em Paris sejam justificados por ações da França no Oriente Médio, um tipo de raciocínio que leva à aceitação de Hitler
17/11/2015 – 15h02
O segundo atentado terrorista em Paris no período de onze meses merece, além do repúdio de todos que prezam o avanço civilizatório, uma reflexão sobre a essência dos atos cometidos por grupos forjados no sectarismo religioso de correntes do Islã, no Oriente Médio.
Um aspecto que se tornou mais visível depois dos ataques de assassinos teleguiados pelo Estado Islâmico, na noite de sexta-feira, contra pessoas indistintas na casa de espetáculo Bataclan e em restaurantes, foi o pernicioso viés da tentativa de se relativizar e justificar os crimes. Comentários inaceitáveis neste sentido trafegaram por redes sociais.
No massacre de cartunistas cometido também por “jihadistas”, em janeiro, na Redação do jornal satírico “Charlie Hebdo”, ocorreu o mesmo. Houve quem apontasse “exageros” na linha de humor do periódico, num caso exemplar de condenação da vítima pelo crime.
Agora, foram lembradas “intervenções” da França no Oriente Médio — no mesmo espírito do comunicado do EI após os assassinatos —, e ainda houve quem responsabilizasse por tudo os Estados Unidos, ao financiarem e treinarem Bin Laden, no Afeganistão, para enfrentar os russos.
Ora, este é um tipo de raciocínio que pode ser aplicado a tudo na História. Até para justificar a trajetória de Hitler e o rastro que deixou milhões de mortos. Afinal, a Alemanha foi sufocada pelo Tratado de Versalhes, marco do fim da I Guerra, de que o país saiu como derrotado, e isso terminaria gerando um ditador nacionalista, racista, populista, autoritário.
Existe, então, quem tenda a ter alguma condescendência diante do nazi-islamismo do EI e similares, porque tudo seria fruto de intervenções ocidentais no Oriente Médio, em particular dos Estados Unidos.
Só mesmo o antiamericanismo infantojuvenil do PT explica que meses atrás a presidente Dilma tenha se colocado contra ataques ao EI. Já na reunião do G-20, na Turquia, na esteira dos assassinatos em Paris, Dilma reviu aquela posição, com acerto. Chance para o PT saber ao certo de que lado precisa estar o Brasil nesses conflitos derivados da crise eterna no Oriente Médio.
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