Os episódios recentes da vida política brasileira nos levam a uma profunda reflexão sobre o sistema político em que vivemos, as instituições, seus dirigentes e também os partidos políticos. É difícil entender toda essa realidade.
Não que alguém imagine que o regime democrático em vigor seja ruim. Muito pelo contrário. Sua pujança, o correto funcionamento das instituições e de Poderes como o Judiciário, o Ministério Público, o Legislativo e a imprensa, nos reafirmam que a democracia brasileira está consolidada e nos garante alguma justiça.
Refiro-me às idas e vindas que a política nacional nos impõe, que a realidade nos mostra cotidianamente e que, por vezes, nos coloca em situações difíceis de absorver em sua plenitude.
Com uma presidente da República petista em derrocada, com novas denúncias contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e as novas delações que prometem atingir os próceres do PMDB, alguns ainda imaginam o que fazer.
Talvez com receio de aniquilar os Poderes constituídos, por interesses momentâneos, ou por temer que esse ou aquele objetivo maior não seja alcançado, ainda titubeiam, vacilam.
Mas a hora certa chega. Como no caso da eventual saída do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Como bem disse o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, nessa semana, “o mais adequado é o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados para que ele possa se defender”.
Somente agora o PSDB e os demais partidos de oposição tiveram uma clara manifestação da Procuradoria Geral da República, com base em documentos oficiais do governo suíço, de que foram realizados recursos desviados do Petrolão nas contas de Eduardo Cunha e familiares.
O Supremo Tribunal Federal, inclusive, pediu que esse caso seja investigado, com amplo direito de defesa, como cabe em um regime democrático.
Em um quadro hipersensível como o que o país vive na área econômica e política, cada passo tem que ser dado com calma e cautela, mesmo que contrarie, em parte, nosso desejo, nossa vontade.
A presença ou não do atual presidente da Câmara dos Deputados na análise do pedido de impeachment pode, ou não, acelerar o processo de afastamento da atual presidente petista da cadeira do Palácio do Planalto.
Não importa. O que importa é vermos que mesmo com essa dimensão da crise, o Brasil continua de pé. É triste ver o que ocorre com o Poder Executivo, mas é alvissareiro também ver como a dor que isso nos provoca nos dá maturidade para superar a crise atual.
Não podemos perder a esperança.
Crescer dói, mas a nação brasileira e seu povo, reiteram diariamente sua determinação em prosseguir na construção de uma democracia forte, consolidada e estável.
*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB