Opinião

“Um papa para chamar de seu”, por Terezinha Nunes

terezinha-280x300 azulNo meio dos cristãos Jesus Cristo é reconhecido como o maior líder religioso da humanidade. Algumas correntes o têm ainda como o maior líder político do seu tempo.

Defensor do amor e da justiça, ele pregou a caridade e a misericórdia no tempo em que os pagãos romanos oprimiam os mais fracos e cometiam pecados de fazer corar o mais frio dos mortais.

Fez oposição a um estado de coisas com o qual não concordava e foi por isso crucificado.
Maculada em sua imagem no tempo em que se meteu demais na política não só na Europa mas em várias outras partes do mundo, a Igreja Católica evita, como instituição, se imiscuir, nos dias de hoje, em questões políticas temporais e até proíbe na maior parte das dioceses que padres se candidatem a qualquer cargo eletivo.

Logo após sua escolha para comandar a Igreja no mundo, porém, o papa Francisco ressaltou o afastamento dos presbíteros da luta política, cuidando de preservar a decisão da Igreja, mas encorajou os leigos católicos a entrar nela.

Disse, em entrevistas e através da encíclica Evangelii Gaudium que a política que busca o bem comum é a maior expressão da caridade e que os católicos estavam desafiados a dela participar.

Francisco é hoje, pelo que tem dito e feito, uma liderança mundial não só religiosa mas também política. No momento em que os políticos enfrentam degaste em todos os países, o papa, apesar da idade avançada – 78 anos – transita pessoalmente ou por intermédio de encíclicas e pronunciamentos pelos quatro cantos da terra.

E tem ido além do que se poderia imaginar. Reconheceu o estado da Palestina; exerceu papel fundamental na reaproximação entre os Estados Unidos e Cuba, países que estavam rompidos há 59 anos; tomou para si a discussão sobre a sustentabilidade ambiental do planeta e na semana passada tornou-se o primeiro papa a falar para o parlamento norte-americano, sendo aplaudido, diversas vezes, por democratas e republicados, como se dissessem amém ao que estavam ouvindo.

E Francisco não deixou fora nada do que tinha que falar aos congressistas da mais importante nação do mundo: condenou a pena de morte, institucionalizada em alguns estados, e o aborto e fez uma defesa comovente dos imigrantes que a maior parte dos congressistas querem ver pelas costas. Também se colocou contra o fundamentalismo “religioso ou de qualquer outro tipo”.

Por conta disso, ouvir Francisco não é privilégio apenas dos católicos. Pessoas de todas as religiões o respeitam e admiram. Não se tem notícia de um papa tão influente no mundo, quer abrindo caminhos de entendimentos entre nações, quer assumindo a defesa dos oprimidos, como fez Jesus.

Teria o cardeal Bergoglio mudado radicalmente depois que virou papa? Está certo que não. Da mesma forma que como arcebispo de Buenos Aires já andava de ônibus e metrô mostrando sua humildade, ele costumava puxar as orelhas dos presidentes do país na famosa homilia do ano novo durante a missa de todos, invariavelmente, assistiam.

Surgiu daí sua desavença com a família Kirchner. Aborrecido com as críticas do prelado a seu Governo, Nestor Kirchner se retirou da Igreja, gerando indignação das pessoas presentes e do próprio Cardeal.

Líder sagaz, habilidoso, Francisco tem transitado bem por todos os cantos do planeta onde tem ido com multidões a acompanha-lo. Tem da mesma forma transitado bem em todas as correntes da igreja, abrindo caminho para as mudanças que vem fazendo.

No estádio olímpico de Roma há dois anos ajoelhou-se e deixou que os carismáticos – corrente mais tradicionalista – rezassem em línguas por ele, ao mesmo tempo em que clama por misericórdia para divorciados e homossexuais.

Às vésperas de lançar com CD com rock e cantos gregorianos ele conseguiu um elogio rasgado do cantor Elton John, o mesmo que agora defende junto ao presidente Putin condescendência com os gays na Rússia.

Ateu, John disse recentemente que Francisco “é um milagre da humildade na era da vaidade e a melhor notícia para os católicos dos últimos séculos”. A não ser junto aos fundamentalistas, que tanto combate, Francisco parece não encontrar resistência ao que faz e diz. É uma liderança que todo político gostaria de ser.

* Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher-PE

**Da Assessoria do PSDB-PE