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“PT: Uma organização criminosa”, por Lêda Tâmega

Foto: George Gianni/PSDB
Foto: George Gianni/PSDB

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No momento em que as investigações da Operação Lava Jato deixam claro que uma verdadeira quadrilha tomou de assalto o Estado brasileiro com o fito de executar um projeto de perpetuação do Partido dos Trabalhadores e seus aliados no poder, começamos a ver multiplicarem-se as vozes que, na grande mídia, acusam abertamente o PT de “organização criminosa”.
No final do ano passado, o próprio Senador Aécio Neves usou essa expressão, ao ser entrevistado na Globonews: “Eu não perdi a eleição para um partido político, eu perdi a eleição para uma organização criminosa que se instalou no seio de algumas empresas brasileiras, patrocinadas por este grupo político que ai está”. E, mais recentemente, em julho deste ano, referindo-se à impossibilidade de Dilma Rousseff sair às ruas por ser rejeitada pela maioria da população, Aécio reiterou, em entrevista ao Correio Braziliense, o que havia dito: “Não perdi para um partido político. Perdi para uma organização criminosa que se apoderou do Estado.”
Esta semana, importantes vozes vieram juntar-se a esse coro que começa a virar lugar comum. Na segunda-feira, o jornalista Reinaldo Azevedo destacou, em seu blog, que, “considerando os petistas que já foram para a cadeia, os que estão na cadeia e os que ainda irão, a organização verdadeiramente criminosa é o PT.”

Ainda na segunda-feira, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, expressou-se de forma categórica a respeito do foco das investigações da Lava Jato: “Quando falamos que estamos investigando esquema de compra de apoio político para o governo federal através de corrupção, estamos dizendo que os casos Mensalão, Petrolão e Eletronuclear são todos conexos porque dentro deles está a mesma organização criminosa e as pessoas ligadas aos partidos políticos. Não tenho dúvida nenhuma de que todos ligados à Casa Civil do governo Lula, tudo foi originado dentro da Casa Civil”.

O termo que, hoje, no entendimento geral, cai como uma luva no PT, não era empregado com tanta naturalidade em 2012, quando postei um artigo que, já em seu título, dizia com todas as letras o que pensava ser verdadeiramente a organização partidária chamada PT: “Uma perigosa gangue mafiosa disfarçada de partido político”.

Nesse longo texto, muitos foram os argumentos que usei para justificar minha convicção de que, sob a capa de partido político, o PT se transformara, desde que chegou ao poder, em organização criminosa, sobre a qual dizia eu, então:

“Uma rede mafiosa que se espalhou como erva daninha por todos os meandros da estrutura governamental, alcançando até os altos escalões dos três poderes da República. Enfim, o PT, Lula e sua gangue, lograram nestes últimos dez anos, um fato inédito em toda a história do Brasil: Uma vez no poder, lançaram seus tentáculos sobre as instituições republicanas, apertaram o cerco, apossaram-se dos postos-chave e aprisionaram o país numa armadilha que ameaça dar um xeque-mate no Estado Democrático de Direito.”

Prosseguindo:

“O Palácio do Planalto virou o Estado Maior da Corrupção e da Impunidade, cujo QG se instalou na Casa Civil, com unidades de comando espalhadas por toda a Esplanada.”

“Este é o tamanho da responsabilidade do PT e de Lula perante a Nação. A responsabilidade de ter abusado do poder que lhes foi conferido nas urnas pelo povo brasileiro, ao transformar as instituições republicanas em propriedade particular, governando em função dos interesses de um partido e de indivíduos, ludibriando as camadas mais pobres da população com políticas de assistencialismo estéril, dilapidando os recursos públicos com toda sorte de irregularidades, desde licitações dirigidas, obras superfaturadas – muitas delas atrasadas ou paralisadas -, passando por distribuição de propinas e facilidades, tráfico de influência, aparelhamento de órgãos governamentais e estatais, até a concessão de compensações pecuniárias, a torto e a direito, sem que razões imperiosas existam que justifiquem esses atos de generosidade, a não ser as afinidades ideológicas.

Por outro lado, os deveres inalienáveis dos governantes para com as gerações presentes e futuras são totalmente negligenciados. Todos sabemos a quantas andam as ações do governo em prol de uma educação de qualidade, de um plano abrangente de assistência básica à saúde, de uma política consequente e efetiva de segurança pública, de um projeto de desenvolvimento sustentável, atendendo aos compromissos internacionais assumidos para a realização dos Objetivos do Milênio”.

Concluindo:

“O melhor que os brasileiros têm a fazer é abrir bem os olhos, ficar de vigília e rezar, porque, com a proximidade das eleições municipais, a iminência do julgamento do Mensalão e a politização da CPI do Cachoeira, as feras estão acuadas, e Deus sabe o que pode acontecer. As instituições estão ameaçadas, o espectro do “controle social da mídia” ainda ronda os porões, os ataques aos redutos adversários repetem o clima dos anos eleitorais anteriores. Com essa máfia não se brinca.”

Vemos que hoje, ao apertar-se o cerco em torno dos chefões da “organização criminosa”, as feras sentem-se ainda mais acuadas e ameaçam liderar uma convulsão social de tal ordem que pode nos levar a uma guerra civil. Os tempos são outros, as instituições mostraram-se sólidas e vêm resistindo até aqui, mas as marretas dos mafiosos estão prontas para derrubar as bases desses pilares da nossa democracia. Reparem que a primeira marretada foi dada ainda ontem com a decisão do STF de desmembrar as ações penais da Lava Jato, o que reduz a atuação do Juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância. Isso enfraquece a tese que sustenta que uma organização criminosa foi montada para viabilizar o projeto político do PT no poder. O próprio Juiz Moro disse hoje, num evento, que “há risco de os processos caírem no esquecimento”.

Mais do que nunca é preciso “vigiar”- pois ninguém sabe o dia nem a hora – para evitar que as graves turbulências que sacodem neste momento nossa frágil democracia tomem uma dimensão incontrolável, ameaçando a estabilidade institucional e pondo em risco a vigência do Estado de Direito e a vida de milhares de brasileiros.

*Lêda Tâmega é Terceira Vice-Presidente do PSDB-Mulher e membro do Conselho Deliberativo do Instituto Teotônio Vilela