Opinião

“À beira de um ataque de nervos”, por Terezinha Nunes

Foto: PSDB-PE
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Há pouco mais de uma semana o termo “brahma” que constava nos dicionários da língua portuguesa como “ marca de cerveja brasileira criada em 1888” teve acrescido aos seus sinônimos uma nova definição: “apelido do ex-presidente Lula no rol das empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato”.

Em menos tempo do que isso os dicionários ganharam um novo verbete – “pixuleco” – para expressar o apelido dado à propina solicitada às próprias empreiteiras pelo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso em decorrência das investigações da Lava Jato, como revelou o dono da UTC, Ricardo Pessoa.

No intrincado novelo em que se meteu para garantir-se no poder a partir da corrupção, o PT vai, além do mau exemplo, espalhando palavras desabonadoras no universo do vocabulário nacional. Já se tinha o mensalão e o petrolão. Agora surgiram o Brahma e o pixuleco. Que outros mais aparecerão ?

É difícil prever. A cada dia que novas denúncias surgem mais se desconfia sobre onde estará o fim do túnel.

De qualquer forma, por dentro ou por fora das investigações, os petistas têm traduzido para o português, usando expressões certas ou erradas, o nervosismo que vai tomando conta de todos à medida que as investigações se aprofundam, deixando suas principais figuras à beira de um ataque de nervos.

A presidente Dilma que muitas vezes surpreende por frases desconexas ou neologismos desconcertantes, saudou oficialmente “a mandioca” em Tocantins, na abertura dos I Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, e inundou de memes as redes sociais. Na mesma ocasião, referindo-se a uma bola de folhas de bananeira recebida dos índios, a presidente disse que aquilo era o produto da evolução humana “dos homens sapiens ou das mulheres sapiens”, provocando gargalhadas dos presentes.

Já o ex-presidente Lula, não tão enrolado na linguagem como a presidente, saiu atirando para todos os lados em ambientes públicos ou privados. Como um verdadeiro kamikase acusou o PT de só querer saber de cargos e de não trabalhar de graça e foi cruel com Dilma dizendo que a mesma se encontra “no volume morto” e o seu partido, o PT, “abaixo do volume morto”.

De tão contundentes as críticas de Lula deixaram estarrecidos os analistas políticos nacionais. Uns viram em seu desabafo um sintoma de desespero diante da possibilidade de ser envolvido na Operação Lava Jato. Outros passaram a enxergar nas críticas um sintoma de que o ex-presidente tenta se afastar dos problemas, desejando, como fez no mensalão, passar a impressão de que não sabia de nada.

O cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, disse ao Jornal do Commercio do Recife que Lula “diante do aprofundamento da crise tenta ocupar espaço no debate político se preparando para voos futuros como uma possível candidatura a presidente em 2018”.

No papel ou na frente de um microfone cabe tudo mas gírias, neologismos, frases desconexas, críticas ferozes, nada disso se via ou ouvia no PT dos bons tempos. Agora que o barco deu água perde-se a prudência e se macula até o português.

Por mais que Lula possa tirar proveito de situações difíceis como aconteceu no passado e que de 1989 para cá só tenha deixando de se candidatar a presidente quando não podia – depois da reeleição e em 2014 para não dar um golpe em Dilma – a verdade é que 2018 está longe. Antes disso, o PT terá que terminar 2015, atravessar 2016 – dois anos tidos como de recessão – e torcer para que a Lava Jato não suba a rampa do Palácio do Planalto. Antes disso resta esperar que a língua portuguesa sobreviva ao descontrole emocional e verbal de quem se encontra na beira do abismo.

* Terezinha Nunes é presidente do PSDB Mulher Pernambuco

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