Opinião

“Por um Brasil melhor”, de Solange Jurema

Foto: George Gianni/PSDB
Foto: George Gianni/PSDB

Foto: George Gianni/PSDB

Na próxima semana o plenário da Câmara dos Deputados tomará uma das decisões mais históricas de seus 189 anos de existência: votará as PECs 23 E 24/2015 que estabelecem a cota de 30% das cadeiras dos parlamentos nacionais para as mulheres – das câmaras de vereadores ao Congresso Nacional – e a que torna obrigatória uma vaga por gênero, quando da renovação de dois terços do Senado Federal, respectivamente.

A decisão dos 513 deputados federais – dos quais apenas 54 são mulheres, – mudará para sempre, ou não, a histórica política do Brasil e a presença feminina na definição do futuro de nossos 5.568 municípios, 27 unidades da Federação e dos 210 milhões de brasileiros.

Não há como esconder: ou a Câmara dos Deputados muda o rumo da história do país e atende aos anseios da população nas ruas, ou continuaremos reféns da relutância masculina em reconhecer a importância da mulher na vida social, política e econômica do Brasil.

No mundo real, em que vivem brasileiras e brasileiros, as mulheres já respondem sozinhas por 40% dos lares e são a maioria da população e do eleitorado.

Porém, como se sabe, políticos tradicionais, retrógrados e acomodados, não querem estabelecer políticas públicas que estimulem a presença feminina no espaço político institucional. Essa intransigência as impede de ocupar no cenário político o merecido espaço, de acordo com a relevância demográfica, econômica e social conquistada nas últimas décadas. O que tanto temem os homens?

Cálculos mais otimistas indicam que se as PECs 23 E 24/2015 não forem aprovadas, as mulheres só alcançarão o percentual que almejamos no final do século atual. Uma vergonha para um país como o Brasil, que já ocupa a 156ª lugar no ranking mundial de igualdade de gêneros da Organização das Nações Unidas (ONU).

Experiências bem-sucedidas em países como Andorra e Suécia – 2º e 4º lugares em igualdade de gênero pelo ranking mundial da ONU – indicam que, quanto maior a presença da mulher nos parlamentos e nos executivos, melhor a qualidade de vida da população e da própria economia do país. Sociedades igualitárias beneficiam a todos, uma vez que o olhar feminino, junto com a divisão do trabalho doméstico com o companheiro, permitem um avanço maior.

Administrações que abrem espaço para as mulheres tratam melhor da saúde da população, o que pode ser constatado voltando ao exemplo de Andorra, líder mundial em expectativa de vida, com média de 82,5 anos.

Há um receio, natural, de que com a cota de 30% para as mulheres os políticos tradicionais percam espaços nas câmaras de vereadores, nas assembleias estaduais e distritais, e no Congresso Nacional.

E isso é verdade! Ao invés de uma bancada majoritariamente masculina, com parlamentares nem sempre bem preparados, por que não pensar em uma com igualdade de gênero, formada por homens e mulheres de excelente qualidade, vocacionados para o exercício da política?

Se as regras mudarem – como devem mudar – as mulheres terão cerca de 18 mil assentos nas câmaras de vereadores; cerca de 300 cadeiras das assembleias estaduais e distrital; 24 lugares no Senado Federal e 150 na Câmara dos Deputados!

São números expressivos, que incomodam os políticos tradicionais, mas que retratam o que deve ser o novo Brasil que a população pede nas ruas e que os brasileiros merecem!

Mais mulheres na política!