Opinião

“Tomar as rédeas em defesa da democracia que queremos”, por Nancy Ferruzzi Thame

Presidente do PSDB-Mulher SP, Nancy Thame explica a necessidade da cota para que os parlamentos brasileiros alcancem a igualdade de gênero
Nancy Ferruzzi Thame

Nancy Ferruzzi Thame

É difícil não pensarmos num desfecho negativo para a bandeira de luta que as mulheres defendem em favor do empoderamento na política, ao nos debruçarmos em análises sobre os fatos, quando a cada atualização das notícias mais uma dose amarga de verdade nos é ministrada. Ao mesmo tempo em que podemos comemorar o feito da democracia brasileira, que tem em seu mais alto posto uma mulher, encontramos nessa conquista um desafio ainda maior: o de manter a integridade do caminho pelo qual avançamos sem que o mau desempenho da presidente Dilma e toda a trama que envolve sua gestão coloquem em xeque a capacidade da mulher de ascender aos postos de comando e fazer a diferença. Digo isso porque de fato os atributos que carregam as mulheres em sua participação na política são de grande valia e têm se demonstrado a cada dia mais necessários ao equilíbrio da sociedade. A capacidade de enxergar as situações sobre os diferentes pontos de vista, de considerar importante o que diz respeito à vida, de forma humanitária e ao mesmo tempo inovadora, ousada. Temos um cenário inquestionavelmente promissor no Brasil e no mundo para colocarmos em prática todas as diretrizes que visam ao empoderamento das mulheres, estamos no centro desse debate não somente no campo da política, mas no meio empresarial, na ciência, tecnologia, pesquisa, na mídia, quebramos paradigmas.

A cautela que temos em relação ao momento pelo qual passa o Brasil é a de não permitir que se confundam os factuais, os conjunturais e os históricos. Responsabilidade cabe a homens e mulheres, de forma igualitária. Que se olhe para a crise pelas lentes do conhecimento e da verdade, esta que nos apresenta uma nação cansada de tanto achaque, intolerante com a corrupção, surpresa com os detalhes sórdidos da má política e do desmando. Isso não vale apenas para os âmbitos dos poderes públicos, veste a carapuça em quem couber, tanto nas  esferas privadas dos setores da economia neste país, quanto nos meios onde as relações que envolvem valores hoje são carentes destes. O que vemos não é apenas um eleitorado insatisfeito e preocupado com o seu presente, visto que o desemprego, a estagnação da economia, as altas de preços já afetam a vida de cada um.  Somos uma população diante do copo cheio, pronta para fazer o que popularmente se chama de “virar a mesa”. Mas, virar a mesa é tomar as rédeas e redefinir os rumos, jamais entregar-se à maré. Assim leio as manifestações públicas e acredito que este, sim, seja o caminho que elas pavimentam para o desfecho desse capítulo da história do Brasil, que se nega à apatia e reivindica o protagonismo em sua própria história.

As mulheres organizadas em partidos políticos, em associações não governamentais e que defendem os direitos à igualdade, estas que estão em cargos eletivos ou militando pela causa e estão firmes neste propósito não vão recuar, pelo contrário.  Estamos em todas as frentes nas quais podemos atuar em favor da presença maior e mais efetiva da mulher na política, formando uma massa crítica e propositiva neste segmento. Também trabalhamos em grupos suprapartidários pela causa de gênero nos governos, nos parlamentos e nossas metas são claras: queremos um espaço que nos permita aumentar a presença das mulheres na política até alcançarmos a paridade. Esta é a nossa luta. Enquanto damos cada passo nesta direção firmamos nosso compromisso com a justiça, a honestidade e em favor da transparência e da eficiência para lidar com os interesses públicos. As mulheres mereciam ter na representatividade que conquistaram uma experiência melhor do que têm hoje, porém reside na natureza delas a sabedoria para lidar com o que se apresenta, a vida como ela é, quando ela nos tira da zona de conforto. Aqui estamos para dizer que  a vida como queremos no Brasil é plena em democracia, com igualdade de oportunidades para homens e mulheres de todas as classes sociais, em todas as regiões. Para isso estamos na política, que esta seja feita por homens e por mulheres a favor da melhoria da vida dos cidadãos. Esta política que queremos é diferente da que aí está, maculando a imagem do nosso país, promovendo o atraso e contaminando a esperança dos brasileiros.

*Nancy Ferruzzi Thame é presidente do PSDB-Mulher SP 

Fonte: Imprensa PSDB-Mulher/SP