Foi preciso tomar algumas atitudes radicais, entre elas, queimar sutiã em praça pública para que a mulher se fizesse ouvir. Muito tempo se passou desde então, muitas foram as lutas e inúmeras as conquistas ao longo da história.
Em todo o mundo, as mulheres têm enfrentado as dificuldades de acesso ao poder. Mesmo diante de tantas barreiras, estão contribuindo de forma significativa, para mudar suas comunidades, seu país e o mundo contemporâneo. Trabalhando para agregar valor
social e aumentar a qualidade de vida das pessoas.
Contudo, ainda que estejamos avançando na conquista da igualdade entre mulheres e homens, no acesso a cargos de decisão, ainda há muito que fazer.
A mulher conseguiu romper as barreiras de uma cultura que limitava e castrava seus direitos, que deixava impune seus agressores e opressores. Rompeu as barreiras do preconceito, saiu às ruas e mostrou que tinha voz e vez.
Há 83 anos conquistou o sagrado direito ao voto, se fez mais forte ao poder votar e ser votada!
Aprendeu a duras penas que o voto pode ser a tradução da democracia na construção da igualdade. Ocupou o mercado de trabalho e transformou a cara do mundo.
As leis, que garantem direitos como licença maternidade, horário especial para amamentação, proteção contra violência e punição aos agressores, entre outras, tem o pulso firme e a delicadeza da assinatura de uma mulher.
Mas junto com tantas conquistas, apresentam-se novos desafios e obstáculos que precisam ser superados entre eles, a dupla e às vezes tripla jornada de trabalho que sobrecarrega. Ainda recai sobre a mulher a maior parcela de responsabilidade nas tarefas domésticas e na educação dos filhos.
Entretanto com o advento de uma nova sociedade que precisa adaptar-se às exigências e urgências dos novos tempos, é possível observar a formação compulsória de uma nova cultura, onde fica visível também uma mudança gradativa no perfil das famílias brasileiras.
Não é raro encontrar famílias em que a mulher é a principal provedora e o homem precisa adaptar-se e ocupar um lugar de extrema importância, que diz respeito principalmente aos cuidados com os filhos e com o lar. E muitas vezes acumulam também suas atividades em arranjos home-office.
Portanto cozinhar, balançar a criança e atender ao telefone ao mesmo tempo, já não é prerrogativa feminina. O momento atual torna evidente a necessidade de garantir os direitos conquistados ao longo da história e dar mais voz as mulheres.
Isso significa aumentar a sua influência nos processos decisórios. Compreendendo que esta decisão, impossível de ser adiada, pode mudar significativamente a trajetória do planeta. Vivemos na era da intuição, e eu não conheço sinceramente um Ser mais intuitivo do que a mulher.
Garantir às mulheres a possibilidade de regar verdadeiramente a terra com o sagrado feminino é almejar uma sociedade mais justa, o respeito às diferenças individuais e a atenção ao coletivo! Sem vergonha de ser sensível a dor alheia.
Digo verdadeiramente por que é natural encontrar nas reuniões dos partidos políticos, por exemplo, uma mesa composta por vinte ou trinta homens e uma ou duas mulheres, que devem figurar educadamente arrumadas e caladas (como no século passado), relegadas a segundo plano na composição de chapas e na estrutura de poder.
Estou tentando lembrar de uma mulher que seja presidente de algum partido politico, mas neste momento não lembro de nenhuma. Será que existe?
Apesar de estar inserida em todas as áreas do conhecimento, apesar de ser aceita em quase todas as profissões (mesmo considerando a disparidade salarial, que persiste), a mulher foge da política. Por diversas razões, como falta de apoio, recursos diversos e orçamento. Mas principalmente por ser um mundo ainda tipicamente masculino, onde culturalmente se expor demais pode ser perigoso.
Preste atenção a um fato cultural, comprovado. Quando um homem diz aos amigos, pretendo me candidatar, as pessoas normalmente dizem:
– Isso mesmo parabéns, conte com meu apoio!
Mas quando esta mesma frase é dita por uma mulher, é comum a expressão:
– Será…você tem certeza, pense melhor?
O Brasil é um país onde a participação da mulher na política ainda é considerada muito baixa. Apesar do numero de candidaturas aumentar a cada pleito, a parcela de eleitas ainda é muito pequena. Mesmo tendo sua participação garantida por lei, a mulher candidata fica relegada as margens do poder. Normalmente, são convencidas a emprestar seu nome para fechar chapa, e assim ajudar aos partidos a atender minimamente a uma determinação legal.
Segundo Graziottin (2013), na luta especificamente pela representação política, no mundo inteiro, a presença das mulheres nos Parlamentos – uma das instâncias mais importantes em uma democracia – não chega aos 20%.
No Brasil, em particular, a situação é mais grave: menos de 10% no Congresso Nacional, entre 11% e 12% nas Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais. Menos de 12% dos eleitos na última eleição, considerando todos os cargos em disputa, são mulheres. No entanto, o eleitorado brasileiro, em 2010, era composto majoritariamente por mulheres. Sabemos todos que a questão da representação é complexa e não deve ser abordada de uma maneira mecânica, a mesma autora afirma ainda que este existe um gritante hiato de gênero, no que se refere à ocupação de postos políticos, e isto é mais do que suficiente para embasar a acusação de sub-representação feminina.
A política é uma das mais importantes áreas a ser conquistada pelas mulheres. É no âmbito político, onde são tomadas as decisões, que vão interferir diretamente no futuro da Nação, seja em âmbito federal, estadual ou local. Principalmente nas decisões relevantes que envolvem desde a elaboração até a avaliação de uma politica pública e a destinação de recursos nas áreas prioritárias que clamam por atenção.
Porém, a mulher é um ser político por natureza, e atua ligada na função complexa de multi tarefas como mediar, educar, legislar, agregar, planejar, economizar, cuidar, entre tantas outras.
Desta forma ao aumentar de maneira efetiva a influência da mulher em todos os níveis da vida pública, aumentam as possibilidades de mudança, em direção à igualdade entre os gêneros e ao empoderamento da mulher.
Lembrando Shakespeare, “Somos feitos da mesma matéria de nossos sonhos”, portanto, mergulhar no novo, misterioso e desconhecido além de fascinar, possibilita que você se reconheça em plenitude e desenvolva capacidades, competências e habilidades múltiplas para atuar em cenários complexos e passiveis de mudanças como o universo político contemporâneo.
A representatividade nasce do povo, assim como todo poder emana dele, como reza a nossa Constituição Cidadã. E o povo, ou seja, o conjunto dos cidadãos e cidadãs deste país é formado por 51,5% de mulheres conforme o IBGE/2012. Portanto a maioria!
E se lugar de mulher é na política, é pra lá que vamos! Para somar, colaborar, contribuir, cooperar, participar, construir e partilhar.
Afinal, homem ou mulher, o que importa realmente é compreender que fazemos parte da mesma espécie, companheiros na jornada terrestre e juntos temos a responsabilidade de fazer o melhor, para cuidar das pessoas e do planeta que deixaremos para as futuras gerações!
*Mari Pessin é coordenadora de Comunicação do PSDB Mulher Curitiba