Opinião

“Não basta ser feminista, há que ser coerente”, por Thelma de Oliveira

Foto: George Gianni

Foto: George Gianni

Ora, ora, ora, o ser humano, no caso, algumas mulheres, não falha. No dia 3 de novembro, a ex-ministra Maria do Rosário assistiu impassível, enquanto um segurança da Câmara dos Deputados imobilizava, com uma gravata, uma senhora de 79 anos.

A bancada feminina da base aliada, incluindo-se nela a deputada Jandira Feghali, achou perfeitamente natural que as mulheres que participavam do protesto fossem tratadas com violência, inclusive por elas, da tribuna da Casa.

Durante visita ocorrida em abril de 2014, a deputada venezuelana Maria Corina, foi impedida por manifestantes de continuar seu discurso durante audiência no Senado Federal.

Liderados pela senadora Vanessa Graziotin, que na semana passada exigia dos manifestantes brasileiros um respeito que negou à colega venezuelana, os integrantes do PCdoB invadiram a audiência e continuaram um protesto que começou já no desembarque de Maria Corina, no aeroporto de Brasília.

Na ocasião, Vanessa Graziotin chegou a interpelar Maria Corina, afirmando que o vídeo que a parlamentar venezuelana exibia, com cenas da polícia reprimindo protestos na Venezuela, tratava-se de uma “montagem grotesca”.

Nesta semana que se encerra, o Congresso Nacional voltou a ser palco de um confronto lamentável entre parlamentares sobre o qual já nos pronunciamos em nota oficial. Fomos tanto elogiadas quanto criticadas por isso.

Alguns confundiram o repúdio ao estupro, que deveria ser natural em todo o ser humano, homem ou mulher – já que todos têm mães, filhas, mulheres que podem vir a ser vítimas em potencial -, com solidariedade a um tipo de política feminista de coloração ideológica e manipuladora, que nada tem a ver conosco.

O PSDB Mulher Nacional defende os direitos das mulheres, de todas as mulheres, sejam elas, Corinas, Yoanis, Suu Kyis, Malalas, Marias ou Ruths.

Não praticamos feminismo de exclusão, nem exigimos comprovação ideológica das mulheres que defendemos ou representamos, apenas comprometimento, coerência, compaixão para com suas iguais e muita raça. Não basta chorar para ser mulher, muito menos feminista, é preciso garra e dignidade, antes de tudo.

Quem faz política de gênero com agressividade e desqualificação, deve se preparar para ser tratada de igual maneira. Foi pela igualdade que lutamos todos esses anos.

*Thelma de Oliveira, vice-presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB